terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Oposição protocola pedido para ouvir Mantega

Senadores querem que ministro esclareça demissão na Casa da Moeda, mas governo vai tentar impedir convocação

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. As explicações apresentadas na semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para justificar a nomeação e depois a demissão de Luiz Felipe Denucci da presidência da Casa da Moeda não convenceram a oposição. O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), protocolou ontem dois requerimentos na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), um convidando Mantega, e outro destinado a Denucci, para que prestem esclarecimentos sobre todo o episódio.

— As explicações do ministro comprometem o governo, pois ele admite que demitiu o presidente da Casa da Moeda por pressão do PTB. O ministro admitiu ainda que nomeou para um cargo estritamente técnico alguém que atenderia a interesses políticos. Isso sem falar nas denúncias de corrupção que pesam sobre o ex-presidente da Casa da Moeda — justificou Dias.

Já o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) decidiu chamar representantes da empresa WIT, com sede em Londres, que identificou US$ 25 milhões supostamente movimentados por Denucci em duas offshores em paraísos fiscais. Segundo reportagem da "Folha de S.Paulo", esses recursos teriam como origem comissão paga por fornecedores da Casa da Moeda. O requerimento seria protocolado na Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) do Senado.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), no entanto, já adiantou que não vê motivos para Mantega ir à Casa. Seguindo orientação do Planalto, o líder destacou que as denúncias contra Denucci já são alvo de uma sindicância e também deverão ser investigadas pelo Ministério Público.

— Não há motivos para o ministro vir. O ministro já deu as explicações necessárias. Ele agiu prontamente. No momento em que surgiram as denúncias, o ministro e a presidenta Dilma demitiram. Portanto, as medidas ao nível do governo já foram tomadas. As investigações continuam — argumentou Jucá.

Mas os senadores tucanos não estão convencidos e querem explicações do ministro sobre a "partidarização" de um cargo técnico e delicado como o comando da Casa da Moeda.

— Este é, talvez, um dos episódios mais degradantes de que se tem notícia a crônica política brasileira. O ministro da Fazenda, que é alguém que precisa ter autoridade para falar sobre as finanças do Brasil e é o interlocutor com autoridades monetárias financeiras de outros países, ter sido colocado na situação em que está! O PT conseguiu colocar a Casa da Moeda do Brasil no mercado político — disparou Aloysio Nunes.

O senador Wellington Dias (PT-PI) saiu em defesa do governo e tentou justificar a forma como o ministro Guido Mantega admitiu ter chegado à nomeação de Denucci.

— Sempre quem governa tem que escolher, escolhe ouvindo.

Ninguém conhece todo mundo! Eu acredito que o ministro Guido Mantega deve ter colocado alguns critérios técnicos para a escolha.

Bom, escolhidos, definidos esses critérios, hoje é quase impossível encontrar alguém que não tenha pelo menos uma quedinha por esse ou aquele partido no nosso país — disse.

O advogado Jorge Gavinia, que representa o economista Luiz Felipe Denucci Martins nos Estados Unidos, nega que seu escritório tenha intermediado qualquer remessa expressiva de recursos para contas do ex-presidente da Casa da Moeda no exterior.

Ele negou especificamente ter intermediado uma remessa de US$ 25 milhões para duas contas de Denucci em paraísos fiscais.

Segundo reportagem da "Folha de S. Paulo", a empresa WIT, que teria realizado a transação, afirmou que fora contratada pelo advogado e procurador Jorge Gaviria. Segundo a reportagem, a origem dos recursos seria o pagamento de propina feito por fornecedores da Casa da Moeda.

FONTE: O GLOBO

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