quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

PSDB articula fim das prévias para Serra ser candidato

Oito meses depois de anunciar a realização de prévias inéditas para escolher um candidato a prefeito, líderes do PSDB começaram a atuar para derrubar a disputa interna, abrindo caminho para o ex-governador José Serra concorrer à Prefeitura de São Paulo. No Palácio dos Bandeirantes, já se fala em compensações para os quatro pré-candidatos que entraram na disputa, marcada para o dia 4 de março

PSDB inicia movimento para acabar com as prévias e compensar pré-candidatos

Julia Duailibi, Fernando Gallo, Lucas de Abreu Maia e Gustavo Uribe

Oito meses após anunciarem prévias para escolher o candidato a prefeito, líderes do PSDB começaram a atuar nos bastidores para derrubar a disputa interna, abrindo caminho para a candidatura do ex-governador José Serra à Prefeitura de São Paulo. A bancada tucana na Assembleia Legislativa divulgou nota ontem em que pede ao ex-governador que aceite o apelo de disputar e que o partido desista das prévias. A movimentação causou polêmica na legenda, que se divide sobre a realização das prévias.

Movimentos distintos apontavam uma ação para que não saia do papel a disputa interna, sobre a qual o governador Geraldo Alckmin chegou a dizer que era sua "obrigação moral" defender.

No Palácio dos Bandeirantes, já se fala em compensações para os quatro pré-candidatos que colocaram seus nomes na disputa, marcada para o dia 4 de março.

Neste momento, no entanto, prossegue uma divergência de timing entre o governador e Serra, que ainda não resolveu se é candidato. Alckmin deseja que ele se decida antes das prévias. Mas, segundo interlocutores, Serra não dá indicativos de que resolverá até lá. Para aliados, é possível que estenda o processo até a convenção, em junho.

Além da nota da bancada, o presidente municipal do PSDB, Julio Semeghini, falou em "saída jurídica" para a questão.

"Estou sentindo um movimento para derrubar (as prévias). Mas isso só vai acontecer se me derrubarem no voto. Sou a favor das prévias e vou defendê-las até a última hora", desabafou o presidente estadual tucano, Pedro Tobias. "A bancada considera as prévias um processo legítimo. Assim como considera o nome de Serra como candidato", disse o líder do PSDB na Câmara Municipal, Floriano Pesaro.

No governo, avalia-se que dois dos pré-candidatos, os secretários Andrea Matarazzo (Cultura) e Bruno Covas (Meio Ambiente), abririam mão do processo. O "problema" seria o secretário José Aníbal (Energia) e o deputado Ricardo Tripoli. Estão em estudo compensações, como o fortalecimento da pasta de Energia, que abrigaria a de Saneamento. Tripoli poderia receber cargo de direção na campanha.

Data. Semeghini disse ontem não haver no estatuto data sobre as inscrições nas prévias, apesar de resolução interna, apoiada por ele, falar que o prazo era até o dia 14. Ele afirmou que a eleição interna será mantida e que os pré-candidatos do partido adquiriram direito de disputá-la e "ninguém vai poder tirar (isso) deles". "Acredito que se houver qualquer interesse do Serra, será antes das prévias, pois ele terá de participar do processo."

Alckmin disse ontem que a eleição interna está mantida, mas afirmou que, se Serra for o candidato, a legenda vai avaliar a questão. "Não tem nenhum fato novo. Se o ex-governador se dispuser a ser, e não tem essa definição, o partido vai avaliar."

Desencontros. Assinada pelo líder do PSDB na Assembleia, Orlando Morando, a nota defendendo a candidatura de Serra diz que ele não deve disputar as prévias. "Acreditamos que um homem público da qualidade de Serra, com toda a sua vivência e experiência adquirida nos cargos públicos que ocupou, não tem que disputar prévias." Tobias divulgou nota desautorizando Morando. "As prévias são um fato consumado", declarou.

Os pré-candidatos também reagiram às investidas contra a disputa. "Acho um desrespeito", declarou Tripoli. Aníbal afirmou, ainda, que "em nenhum momento" Semeghini "descredenciou as prévias".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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