sábado, 18 de fevereiro de 2012

Quatro dias para testar a popularidade

Pré-candidatos às eleições municipais vão utilizar o carnaval para se aproximar dos eleitoresNotíciaGráfico

Erich Decat

Longe das atividades do Congresso no período do carnaval, os deputados que pretendem disputar as próximas eleições municipais aproveitarão o clima de festa do feriado para colocarem o bloco na rua e vestirem a fantasia de pré-candidatos. Embalados por marchinhas de samba, pelo calor do axé ou pela dança do boi, a estratégia será a de cair na folia, mas de olho em potenciais eleitores. A ânsia de deixar Brasília pôde ser percebida pelo reduzido número de parlamentares que compareceram ao plenário da Câmara nessa quarta-feira, principal dia de atividades no Congresso. Na ocasião, foram votados apenas alguns tratados internacionais e um projeto que cria cargos para a Justiça Militar. As matérias tidas como prioridades para o governo neste semestre ,como a Lei Geral da Copa e o Fundo de Pensão dos Servidores Públicos Federais (Funpresp), ficaram para depois da festa.

Para líderes da base do governo e da oposição, o baixo quórum foi visto como "normal". "O carnaval é uma atividade econômica, e é natural que os deputados, prefeitos e governadores estejam envolvidos nesse processo, que é muito importante", ressaltou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). "Existe um clima de carnaval e a Câmara não está imune a isso", acrescentou. A avaliação dele também é dividida com o líder do PSDB, Bruno Araujo (PE). "É uma rotina que se estabeleceu aos longos dos anos. Mas o grande volume de produção de matéria legislativa — e poucos têm a percepção — não ocorre no plenário, mas nas comissões temáticas", avaliou o parlamentar. O detalhe é que, desde 2 de fevereiro, quando terminou o recesso de fim de ano, nenhum desses colegiados se reuniu para discutir qualquer proposta. As atividades nas comissões estão previstas para terem início somente após o carnaval, quando elas serão divididas entres os partidos e serão escolhidos os presidentes.

A falta de empenho para votar as propostas de relevância no plenário neste início do ano deve se contrapor, entretanto, à energia que os pré-candidatos prometem distribuir nos blocos carnavalescos. "Na sexta-feira vou no tradicional bloco do Cafuçus. É muito engraçado porque as pessoas se vestem igual ao cantor Falcão, com aqueles óculos grandes e flor na lapela", comentou o deputado Manoel Júnior (PMDB), pré-candidato à prefeitura de João Pessoa. Segundo ele, a estratégia será de se dividir entre as diversas festas da região. "Vou passar o final de semana bem ativo. Tentar me dividir entre a área metropolitana e os municípios onde tenho voto. Vou tentar conciliar as duas coisas: política e festa", explicou. Também com agenda cheia está o deputado Maurício Quintella (PR), pré-candidato à prefeitura de Maceió. "Vou na tradicional abertura do carnaval que acontece na praça do Muleque Namorador. Deve juntar umas 30 mil pessoas. No domingo, vou para os municípios."

No ritmo do Axé, o deputado ACM Neto (DEM), pré-candidato à prefeitura de Salvador, promete não perder o embalo atrás dos trios elétricos. "Eu aproveito todos os carnavais, mesmo quando não tem eleição, para conciliar as duas coisas, me divertir e fazer política. Afinal de contas, você tem um grande aglomerado de pessoas nas ruas e é um momento que naturalmente você está exposto a esses contatos e serve claro de termômetro para você testar a sua popularidade e situação política naquele momento", ressaltou.

Na avenida

A quase dois mil quilômetros da capital baiana, o ritmo da bateria da escola de samba deve levar o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), pré-candidato à prefeitura de São Paulo, para o meio da avenida. "Meu pessoal vai sair na Gaviões, mas sou são-paulino e ainda não decidi", brincou o parlamentar.

Apesar de o carnaval terminar na próxima quarta-feira de cinzas, o retorno das atividades no Congresso está previsto somente para a semana seguinte, a última de fevereiro. A partir de março, o tempo começa a contar contra os parlamentares. Eles terão quatro meses até que o Congresso se esvazie novamente em junho, período em que a maioria, principalmente da Região Nordeste, troca o terno pelas fantasias da festa de são-joão. Depois vem o recesso de julho e o período das eleições, restando apenas o mês de novembro e parte do de dezembro para discutirem e votarem projetos na Casa.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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