terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Serra negocia com tucanos condições para se candidatar

Após dizer que não seria candidato a prefeito de São Paulo, José Serra agora negocia com Alckmin condições para entrar na disputa. O tucano quer que o governador costure as alianças.

No PT, Fernando Haddad tenta viabilizar acordo com Kassab e sugere Henrique Meirelles como vice.

Serra negocia com tucanos condições para ser candidato

Aliado apresenta a Alckmin pedidos do ex-governador para entrar na campanha pela Prefeitura de São Paulo

Namoro de Kassab com o PT foi decisivo para que ex-presidenciável passasse a reavaliar candidatura a prefeito

Vera Magalhães, Daniela Lima

SÃO PAULO - O ex-governador José Serra já negocia com o governador Geraldo Alckmin condições para se candidatar a prefeito de São Paulo pelo PSDB.

Serra, que antes dizia não ter interesse em disputar novamente a prefeitura nas eleições deste ano, conversou com Alckmin na semana passada e afirmou que estava reconsiderando sua decisão.

Depois dessa conversa, o ex-vice-governador Alberto Goldman foi ao Palácio dos Bandeirantes para levar a Alckmin as condições de Serra para aceitar entrar no páreo.

O ex-presidenciável tucano quer que o governador mobilize sua tropa para "aparar as arestas" internas com os quatro pré-candidatos inscritos para a prévia do partido, marcada para 4 de março.

Quer, ainda, garantia de que o governador atuará para costurar um consistente arco de alianças que dê suporte à sua postulação.

Tucanos que acompanham as negociações acreditam que a aproximação entre o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o PT foi determinante para que o ex-governador passasse a avaliar a candidatura.

Há pelo menos três semanas, emissários de Alckmin e aliados do próprio Serra tentam persuadi-lo a ser o candidato do PSDB.

A avaliação no entorno de Alckmin é que a decisão de Serra tem de ser rápida, porque a realização das prévias levaria a um fato consumado, que seria difícil reverter sem desmoralizar o partido.

Um dos argumentos usados para convencer o ex-presidenciável a reavaliar a candidatura foi que o maior derrotado de uma eventual aliança entre Kassab -sucessor do tucano na prefeitura- e o PT seria o próprio Serra.

Além disso, a saída do PSD da órbita dos tucanos seria um revés importante para as pretensões que Serra ainda alimenta para a eleição presidencial de 2014.

Enquanto trabalhava para convencer Serra, Alckmin passou a atuar para garantir um arco de alianças que sustentasse outra candidatura tucana menos robusta.

Na quinta-feira, por exemplo, será anunciada a entrada do PDT no governo.

O deputado Paulinho da Força, presidente do PDT paulista e que tem se apresentado como pré-candidato, passou a não descartar apoio ao PSDB no primeiro turno.

O PSB também negocia com os tucanos, a partir da promessa de apoio do PSDB ao seu candidato em Campinas, Jonas Donizette.

Serra e Alckmin atuaram para que o PSDB desistisse de ter candidato na cidade.

A eventual reviravolta no PSDB paralisaria as negociações entre Kassab e o pré-candidato do PT, Fernando Haddad, que ganhavam corpo.

O prefeito tem reiterado que não teria como não apoiar Serra, de quem herdou a prefeitura, caso ele se candidatasse. Kassab vê a segunda semana de março como prazo-limite para que Serra tome uma decisão.

O maior entrave a um consenso pela candidatura de Serra são os quatro pré-candidatos tucanos -Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Trípoli.

Desses, os mais resistentes a abrir mão das prévias seriam Aníbal e Trípoli. Para dissuadi-los, aliados de Serra avaliam que seria necessária ação direta de Alckmin.

Isso levaria para o governador, dizem os céticos quanto à possibilidade de acordo, o ônus de ter tratorado o partido no momento em que o processo já foi deflagrado.

Alckmin, no entanto, deu garantias de que está disposto a comandar a operação, por acreditar que Serra é, hoje, o nome mais competitivo para vencer as eleições.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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