quinta-feira, 1 de março de 2012

Crivella é o ministro da Pesca para fortalecer Haddad em São Paulo

Escolha do senador evangélico é vista como uma estratégia para fortalecer candidatura de Fernando Haddad em São Paulo

SÃO PAULO – Com o objetivo de blindar o petista Fernando Haddad contra críticas dos evangélicos na campanha à Prefeitura de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff promoveu ontem mais uma mudança na equipe, nomeando o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus e um dos principais representantes dos evangélicos no Congresso, para substituir o petista Luiz Sérgio no comando do Ministério da Pesca. A posse do novo ministro será na sexta-feira.

Em nota, a presidente disse estar segura de que Crivella prestará “relevantes serviços ao Brasil” e afirmou que a troca permite a incorporação ao ministério de um importante partido aliado da base do governo. Na avaliação do Palácio do Planalto, a nomeação de Crivella poderá conter as críticas que os evangélicos ameaçam fazer contra Haddad por causa do kit gay, material que o governo planejava entregar a alunos da rede pública para combater o preconceito contra homossexuais, que teve sua distribuição suspensa depois de críticas de líderes evangélicos. Com Crivella, o Planalto espera ainda fazer um agrado à direção da TV Record, que é controlada pela Igreja Universal. A emissora veiculou várias reportagens críticas sobre o kit gay.

O novo ministro negou relação entre sua escolha e a disputa eleitoral. “Em nenhum momento, quando a presidente me convidou, isso foi aventado. Pelo contrário, só tivemos conversas técnicas”, afirmou. O PRB lançou o deputado federal Celso Russomanno como candidato à prefeitura de São Paulo. Ele garantiu ontem que continua no páreo. “Nosso acordo com o governo é na esfera federal”, disse.

Recentemente, líderes evangélicos ficaram descontentes com declarações de Gilberto Carvalho, Secretário-Geral da Presidência, responsável pelo diálogo com igrejas e movimentos sociais. Em uma palestra ele disse que o Estado deveria entrar numa disputa ideológica pela nova classe média, que estaria sob hegemonia dos evangélicos. O ministro pediu perdão pelas declarações.

Representantes dos evangélicos no Congresso também ficaram insatisfeitos com a nomeação de Eleonora Menicucci para a pasta de Políticas para as Mulheres. Ela defende a descriminalização do aborto e admitiu ter feito dois. Na campanha de 2010, Dilma sofreu pressão dos evangélicos e assumiu o compromisso de que não mudaria a legislação do aborto.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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