sexta-feira, 9 de março de 2012

Em pé de guerra :: Eliane Cantanhêde

Como a gente ia dizendo aqui no domingo passado, a base aliada é gigantesca e está doida para trair. Ou melhor, para chantagear. Daí a primeira derrota de Dilma no Senado, que votou contra a recondução de Bernardo Figueiredo para a direção geral da ANTT (a agência de transportes terrestres).

Quem liderou a rebelião foi o senador Roberto Requião, do PMDB, mas uma andorinha só não faz verão nem um peemedebista com um punhado de tucanos e de demos é capaz de derrotar o governo. A oposição é francamente minoritária. Logo, quem derrotou a presidente foram os aliados, não os adversários.

O detalhe sórdido é que a votação foi secreta. Ninguém sabe mais quem é quem. Mas desconfia-se. Se em torno de dois terços dos 76 deputados do PMDB tiveram coragem de botar o nome num manifesto de provocação ao PT (mas, na verdade, uma jogada de efeito para atingir Dilma), imagine no anonimato.

E não é só o PMDB que está em pé de guerra, mas também o PDT, o PSB, o PC do B, o PR, o PTB... Ou seja, a base à direita e à esquerda.

Eles reclamam: 1) do bloqueio das emendas que fazem a festa dos parlamentares, sobretudo dos candidatos em outubro, 2) da distribuição de cargos de primeiro, segundo e até terceiro escalões e 3) da ganância do PT, que já tem o Planalto e uma das maiores bancadas, mas quer invadir o espaço municipal dos "aliados".

Com Lula temporariamente fora de combate, Dilma tem de se virar sozinha com as feras. Pior: tem de contar com o seu vice, Michel Temer, que é o principal líder do PMDB e apoiou ostensivamente os revoltosos.

Ok. Requião tem o bom argumento de que Bernardo Figueiredo está todo enrolado com irregularidades e sob investigação da Procuradoria-Geral da República. Mas isso serviu só de pretexto para os aliados. Ou alguém acredita que Jucá, Renan, Raupp e cia. estão mesmo preocupados com pecadilhos desse tipo?

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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