quinta-feira, 22 de março de 2012

Exposição não resolve desafio de Haddad para tornar-se conhecido

Nelson de Sá

Na primeira eleição presidencial pós-ditadura, foram os programas de pequenos partidos, no início do ano, que criaram Fernando Collor. Ele já havia surgido no "Globo Repórter" como "caçador de marajás", mas foram os programas partidários, meses antes do horário eleitoral, que o tornaram conhecido.

Fernando Haddad não terá nada disso. Os programas do PT foram cassados. E agora o início da cobertura jornalística em algumas redes não vai compensar a perda, avalia Mauro Paulino, diretor geral do Datafolha. "Aqueles programas são importantes, eles lançam candidatura."

A cobertura de Record e outras também não compensa, "não totalmente", a ausência da Globo, de maior audiência e que só passará a seguir a campanha em agosto. Embora ela tenha tido no último mês seu pior fevereiro da história, com 14,4 pontos na Grande São Paulo, as demais também caíram.

Por outro lado, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, que comandava a Globo em 89, alerta que, se a campanha for muito antecipada, pode acabar queimando o candidato por saturação. "Depende do que vai dizer, qual é a estratégia, o conteúdo."

Avalia que a exposição inicial de Collor só funcionou porque "ele levantou bandeiras que interessaram, de juventude, modernização, caça aos corruptos". Também poderia ter saturado, pois "a TV glorifica ou transforma rapidamente num chato", mas Collor "fez isso bem feito".

Após mais de duas décadas, Boni afirma que as campanhas mudaram. "Várias vezes o sujeito agora tenta fazer o sucessor, eleger poste. E tudo pode acontecer. O poderio de comunicação do Lula, embora afastado, continua vivo, muito forte."

Traçando paralelo com outro poste, o prefeito Gilberto Kassab, Paulino diz que o quadro pode mudar até com o horário eleitoral já em andamento. Kassab não saía do terceiro lugar até a propaganda, quando "disparou", passando Geraldo Alckmin (PSDB) e Marta Suplicy (PT).

Haddad poderia chegar ao horário eleitoral e só aí "começar a associação com Lula". Mas a questão é se as disputas no próprio PT não serão fortes o bastante para derrubar a candidatura Haddad -se Lula "consegue manter viva uma candidatura com essa diferença enorme".

A polarização deve se reproduzir, para Boni, "como sempre em São Paulo, que tem outro tipo de cultura, diferente da nação". Seria um teste entre o poder de comunicação de Lula e "a estrutura conservadora"da cidade.

Rindo, prevê que "a briga vai ser melhor que o Ultimate Fighting Championship". Com a diferença de que, de um lado do ringue, estará "um técnico, que é o Lula".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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