sábado, 31 de março de 2012

Mais protestos no segundo dia de paralisação em Belo Monte

Os cerca de 5 mil trabalhadores das obras da usina ocuparam o local; pela manhã, ônibus foram impedidos de sair

Fátima Lessa

CUIABÁ - Vários protestos marcaram o segundo dia de greve dos trabalhadores do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) responsável pelas obras da usina que está sendo erguida na Volta Grande do Rio Xingu, Altamira do Pará.

Cerca de 5 mil trabalhadores se concentraram em frente à Concha Acústica. A situação é tensa. Policiais ocupam pontos estratégicos da obra, inclusive o prédio Espaço da Norte Energia, para evitar depredação. No início da manhã, ônibus foram impedidos de seguir viagem.

Os trabalhadores reivindicam o cumprimento de acordos com os responsáveis pelo consórcio. A greve começou dois dias depois da morte do operário da empresa terceirizada Dandolini e Peper, Orlando Rodrigues Lopes, no Sítio Pimental, canteiro de obra onde estão sendo construídos os canais.

O corpo foi velado em Altamira, onde o trabalhador morava, e sepultado ontem. Em nota, o consórcio informou que tomou as providências de apoio à família e nos órgãos legais.

Entre as reclamações dos trabalhadores constam aumento salarial, redução dos intervalos entre as baixadas (visita dos trabalhadores a suas famílias) de seis para três meses, a não redução do pagamento e solução de problemas com comida e água. A falta de segurança também é destacada pelos trabalhadores.

As obras da usina de Belo Monte estão distribuídas em cinco canteiros: Sítio Pimental, Sítio Belo Monte, Sítio Porto e acessos a 27 quilômetros de Altamira, e Sítio Canais e Diques.

Decisões. O Ministério Público Federal, por meio do procurador regional da República da 1.ª Região, Odim Brandão Ferreira, questionou a decisão que, por 2 votos a 1, vencida a relatora Selene Almeida, negou o direito de consulta prévia aos índios no caso da hidrelétrica de Belo Monte no ano passado. O MPF entrou com embargos de declaração, um tipo de recurso judicial no qual se busca esclarecer omissões ou obscuridades no texto da decisão contestada.

Em 28 de março, a juíza federal de Mato Grosso Célia Regina Ody Bernardes declarou inválida a licença de instalação da usina Teles Pires, na divisa de Mato Grosso com o Pará e suspendeu todas as obras, "em especial as detonações de rochas naturais que vêm ocorrendo na região do Salto Sete Quedas", local considerado sagrado pelos índios Caiabis, Mundurucus e Apiacás.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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