sábado, 31 de março de 2012

MG: De mãos dadas com o inimigo

Em apenas um terço das cidades mineiras que elegeram prefeito e vice filiados ao PT e PSDB a dobradinha não deu certo. Em algumas a parceria continua, mas em legendas diferentes

Bertha Maakaroun

Ao mesmo tempo em que as cidades de Machado e de Poços de Caldas, no Sul de Minas, se preparam para juntar num mesmo palanque o PT e o PSDB, duas em cada três cidades mineiras que em 2008 elegeram chapas de petistas e tucanos para as prefeituras irão repetir as dobradinhas. Ubá e Martins Soares, na Zona da Mata, Bom Repouso e Itamonte, no Sul, Belo Oriente no Vale do Rio Doce, Bocaiúva, no Norte, Leme do Prado, no Vale do Jequitinhonha, e Congonhas, na Região Central, são exemplos de boa convivência onde os dois partidos se uniram não só para derrotar adversários tradicionais. A união teve, sobretudo, objetivos práticos: ampliar a interlocução política com os governos do estado e federal, aumentando os canais para convênios e programas, entre outros projetos para o repasse de verbas.

Em um terço das 24 cidades governadas por petistas e tucanos a parceria fracassou. Alguns casos foram bem específicos. Em Cordisburgo, na Região Central, o prefeito José Maurício Gomes (PT) e o seu vice Joaquim Ildeu Santana, fundador do PSDB na cidade, governaram juntos com sucesso. Tanto que Ildeu Santana será o candidato a prefeito de José Maurício, hoje no exercício do segundo mandato consecutivo. Mas Ildeu não está mais no PSDB. "O grupo político do ex-deputado federal Tatico tomou o PSDB na cidade. O nosso vice teve de deixar a legenda", afirma José Maurício. Ildeu se filiou ao PSB.

Igual situação ocorreu em Vieiras, na Zona da Mata. O PSDB rompeu com o PT e o vice-prefeito Wenceslau de Figueiredo deixou o partido. "Vou disputar a reeleição com o mesmo vice, agora filiado ao PSB", avisa o prefeito Waldinei Chicareli de Andrade (PT). "Os tucanos quiseram deixar o governo para se unir aos democratas", acrescenta.

Em Manhumirim, PSDB e PT estão rompidos depois de longa lua de mel. O prefeito Ronaldo Lopes Correa (PT) está no segundo mandato. O vice Sebastião Tristão Ribeiro (PSDB) considerou que não estava sendo valorizado e puxou uma dissidência no PSDB. Dois vereadores tucanos ficaram na oposição e um grupo que optou por continuar no governo deixou o PSDB. "Não vamos manter a aliança com o PSDB", afirma o prefeito Ronaldo Lopes Correa.

Já em Guapé, no Sul de Minas, o prefeito Nelson Alves Lara (PT) está no segundo mandato. O seu vice, Oduvaldo Reis de Assis (PSDB), faleceu no ano passado. Embora os tucanos continuem na base de sustentação do governo na cidade, o PT e o PSDB pretendem lançar candidatura própria.

Realidade local. Dificuldades pontuais à parte, na maioria das cidades governadas por petistas e tucanos, que no plano nacional polarizam a disputa política, a realidade local fala mais alto. Em Ubá, Edvaldo Baião Albino (PT) irá concorrer à reeleição ao lado do amigo e vice-prefeito Eduardo Vieira Marcelo (PSDB). "Vamos repetir a chapa. Não haverá intervenção nem do PSDB nem do PT, que informalmente estão de acordo", considera Vadinho Baião, como é conhecido o prefeito.

Velhos amigos, o atual prefeito e o vice decidiram se unir, nas últimas eleições, para derrotar os grupos tradicionais. Ali, a oposição é exercida pelo PSB, pelo PB, pelo PTB e pelo PMDB. Ao lado do PT e do PSDB na prefeitura estão os democratas. "Antes de nossa eleição Ubá estava completamente sem apoio no governo federal e no governo do estado. O meu vice tinha bom trânsito no estado e eu, como ex-deputado federal, com a União", afirma. "Abrimos pontes para receber recursos dos dois lados", acrescenta Vadinho Baião.

Time vencedor. Também em Bocaiúva, o prefeito Ricardo Afonso Veloso (PSDB) disputará a reeleição com o mesmo vice petista, Juarez Teixeira Santana. "Nossa administração é bem avaliada, e em time que está ganhando não se mexe", avalia Veloso, que é velho companheiro de movimentos sindicais e eclesiais de base de Juarez. "Nossa chapa foi muito boa. Meu vice ajuda muito na captação de recursos federais e o estado nos reforça. É fundamental essa dobradinha", considera.

Da mesma forma, em Belo Oriente, o prefeito Humberto Lopes de Assis (PT) trabalha para repetir a dobradinha com o vice tucano, Geci Gomes Ribeiro. "Estamos juntos contra tudo e contra todos", avisa Assis. "Aqui as questões locais falam mais alto e os nossos adversários são o PMDB e o PSB", avalia Humberto Lopes de Assis. Em Itamonte o prefeito e o vice se dão tão bem que o primeiro apoiará o segundo na disputa pela prefeitura. "Estou no segundo mandato e a dobradinha PSDB e PT continua, só que agora com o PT na cabeça", explica o prefeito Marcos Tridon de Carvalho (PSDB).

FONTE: ESTADO DE MINAS

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