segunda-feira, 5 de março de 2012

O xadrez partidário de Dilma

Presidente marca seis reuniões com líderes da base aliada apenas em março. O número é o dobro dos encontros realizados no ano passado. A meta é afinar discurso para votações importantes no Congresso

Paulo de Tarso Lyra

A presidente Dilma Rousseff iniciou 2012 preocupada com o desgaste no relacionamento com os partidos da base. Aproveitou a primeira reunião do Conselho Político do ano para agradecer a lealdade dos aliados ao longo de 2011. No mesmo encontro, pediu à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que marque seis reuniões com os representantes dos partidos ao longo deste mês. As agendas vão se iniciar tão logo a presidente retorne da viagem à Alemanha, iniciada ontem — a chegada a Brasília está marcada para quarta-feira. "Em 2011, fizemos três reuniões nesses moldes. Com seis datas disponíveis este mês, dá para dividir melhor os grupos", admitiu Ideli ao Correio.

Nos encontros, a presidente deve conversar com os partidos a relação do Planalto com a base aliada e a importância de contar com o apoio nas votações importantes no Congresso. Embora não haja qualquer iniciativa legislativa do Executivo com necessidade de quórum qualificado, Dilma está atenta a alguns projetos que podem criar embaraços ao país. O Planalto, dentro da política de "blindar" o Brasil da crise internacional, acompanha com atenção projetos como o que concede isenção fiscal para as importações em alguns portos brasileiros e aqueles que propõem uma redistribuição do ICMS arrecadado nas compras on-line, por exemplo.

As negociações para as trocas nos ministérios devem ser feitas individualmente, embora não haja como separar uma questão da outra. O PDT, que luta para retomar o Ministério do Trabalho, perdeu pontos após votar majoritariamente contra a Fundação de Previdência do Serviço Público (Funpresp).

O bloco informal PTB-PSC ganhou dianteira: o indicado seria o deputado Hugo Leal (PSC-RJ). As negociações para a composição partidária foram conduzidas exclusivamente no Congresso, mas com o aval das respectivas direções partidárias, como o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. "Claro que assumir um ministério seria uma honra. Mas esse assunto só está colocado nos jornais e o único jornal em que eu confio nessa questão é o Diário Oficial", esquivou-se Leal.

Afinidades

Em 2011, Dilma pediu a Ideli que dividisse os grupos de partidos por afinidades. Os dois primeiros a conversarem institucionalmente com a presidente foram as principais legendas da coalizão governista, PT e PMDB. Em seguida, vieram os partidos considerados mais ideológicos, como PCdoB, PDT e PSB. "Por fim, vieram as legendas consideradas mais de centro, como PTB e PR", recorda-se Ideli.

Ela ainda não tem ideia de como será essa divisão agora. Mas não acredita que o PSD venha a ser convidado para essas conversas. Ideli admite que o partido tem apresentado um comportamento fiel ao Planalto em votações importantes para o governo, como a Funpresp, por exemplo. "Mas essa aproximação ainda precisa levar um tempo. Os próprios partidos da base, como o PMDB, olham o PSD com desconfiança", acrescentou a ministra, lembrando o recurso impetrado no Supremo Tribunal Federal para tentar impedir a participação dos pessedistas na divisão das presidências das comissões temáticas da Câmara. O PSD também pleiteia, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o direito ao fundo partidário e ao tempo de televisão.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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