quinta-feira, 29 de março de 2012

Oráculo do PT, Lula vai impor 'dedaço' nas principais disputas

Aliados apostam que poder midiático de ex-presidente vai turbinar candidatos e trazer dividendos nas urnas

A doença e a recuperação fizeram de lula um oráculo com poderes inigualáveis em outros partidos

Fernando Rodrigues

BRASÍLIA - Ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou sua volta à "militância política", à "vida política". Na realidade, o petista nunca deixou de atuar politicamente durante os cinco meses de seu tratamento.

Enquanto convalescia, Lula fez dezenas de reuniões e opinou sobre o posicionamento do PT e de outros partidos lulistas nas eleições municipais deste ano.

Num encontro recente, ele ouviu atentamente o relato sobre o cenário eleitoral em cidades de médio e grande porte -e como o PT e o PSB estavam se acertando.

Um dos interlocutores era o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB.

Ao ser informado de disputas entre petistas e socialistas em cidades como Mossoró (RN) e Duque de Caxias (RJ), Lula disse: "Não sabia. Precisamos resolver isso".

Participante do encontro, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, anotava tudo. Ninguém tem dúvidas de que com o "precisamos resolver isso" as coisas vão se assentar nessas cidades.

Essa reunião entre PT e PSB foi no apartamento de Lula, em São Bernardo (SP), há menos de uma semana.

Embora os prognósticos fossem bons, Lula ainda não tinha certeza absoluta da recuperação de sua saúde. Mesmo assim, entre um pedaço e outro de pizza, os presentes assistiram a um Lula preocupado em dissolver problemas eleitorais locais pelo país.

Ao deixar o Planalto no dia 1º de janeiro de 2011, Lula já era o condestável do PT. Tinha mais 80% de aprovação.

Agora, a doença, o tratamento e a recuperação fizeram dele um oráculo com poderes inigualáveis em outras agremiações partidárias. Nenhuma legenda no Brasil tem uma figura tão forte e prevalente como o ex-presidente.

A mostra mais visível desse poder foi a escolha de Lula ao designar Fernando Haddad como candidato do PT a prefeito de São Paulo.

A partir de agora, o ex-presidente repetirá o "dedaço" na formação das principais alianças e chapas de prefeito do PT e de seus aliados.

A inserção midiática natural de Lula tende a compensar o fato de o PT ter perdido na Justiça o seu tempo de propaganda partidária em rádio e TV neste semestre.

Ontem, o vídeo anunciando sua recuperação apareceu nas primeiras páginas de todos os portais, nas TVs a cabo e telejornais noturnos.

Essa mídia espontânea é a maior esperança de petistas e lulistas. A crença, a ser testada nas urnas, é que aparecer ao lado do ex-presidente garante exposição natural nos meios de comunicação -e mais votos em outubro.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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