segunda-feira, 26 de março de 2012

PT renova a aliança pró-Lacerda

Em reunião tensa e com votação apertada, petistas de BH decidem reeditar dobradinha com o PSB para tentar reeleger Marcio Lacerda. Sem veto à coligação com tucanos, a briga agora é pela escolha do vice.

A briga agora é pelo vice

PT decide reeditar a aliança com o PSB sem vetar a presença dos tucanos na coligação. Candidatos a formar chapa com Lacerda não perdem tempo e já começam as articulações


Alice Maciel e Bertha Maakaroun

O PT chegou ao fim de sua primeira batalha interna. Numa votação apertada – 255 a 224 votos, o equivalente a 53% contra 47%, dentro de um colégio eleitoral de 479 delegados presentes –, os petistas de Belo Horizonte decidiram ontem, durante o tenso Encontro de Tática Eleitoral, reeditar a aliança com o PSB, do prefeito Marcio Lacerda. Apesar do forte tom crítico do apoio, que também recomenda aos socialistas a exclusão dos tucanos, na prática os delegados do PT entregaram ao PSB – que já confirmou a participação formal do PSDB – a construção da aliança. A resolução aprovada pelos delegados em votação direta ainda apresenta como pontos importantes da aliança com os socialistas a coligação proporcional e a ênfase no programa de governo às questões sociais, culturais e habitacionais, com maior participação popular num eventual futuro mandato.

Ao apontar para a reedição da aliança, o PT indicará o candidato a vice-prefeito. Será o início da segunda grande batalha interna, anunciada para 15 de abril, quando o mesmo colégio de delegados eleitos em 18 de março voltará a se reunir para homologar o candidato a vice da legenda. Tão logo os votos foram conferidos, ao pé de ouvido as novas articulações se iniciaram. Estão colocados na disputa o deputado federal Miguel Corrêa Júnior, o deputado estadual André Quintão e o ex-deputado federal Virgílio Guimarães, que poderá ainda tentar emplacar algum nome técnico. Entre eles, o procurador geral do município, Marco Antônio Rezende Teixeira, a secretária municipal de Educação, Macaé, o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Murilo Valadares, ou até mesmo o secretário nacional de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, que já disse que não deixará o cargo.

O apoio do vice-prefeito e presidente municipal do PT, Roberto Carvalho – que tem 35% dos delegados –, será disputado, ainda que um provável racha interno se anuncie com a formalização do PSDB na aliança. "Ninguém tem relação tão estreita com Roberto como eu", disse ontem Miguel Corrêa, que tem 23% dos votos dos delegados. Segundo Miguel Corrêa, a escolha do vice se dará da mesma forma que a decisão de ontem. "O vice será votação em turno único, pelos mesmos delegados. É o mesmo colégio e o mesmo quórum", acrescentou Corrêa. Por enquanto, Roberto Carvalho não quis se pronunciar: "Há muita coisa para discutir antes de discutir o vice".

Maioria Dentro do grupo de petistas que defendeu a candidatura própria à Prefeitura de Belo Horizonte está o vereador Arnaldo Godoy, que pertence à corrente Articulação, de Patrus Ananias. "Para vice votarei em André Quintão", anunciou ontem o vereador, que conta com 5% das indicações de delegados. Diferentemente de Corrêa, André Quintão defende a escolha do vice não a partir da maioria eleitoral, mas como resultado de uma construção. "Será muito ruim se a definição for pela simples regra da maioria. É importante discutirmos o papel do vice, assim como um nome que reflita um conjunto ampliado de forças do PT e que represente o conteúdo programático do ideário do PT", acrescentou André Quintão.

André Quintão terá o apoio de Patrus Ananias, que deseja um compromisso programático firme da chapa de Lacerda. "O importante é que seja um nome que traduza os compromissos históricos do PT com ênfase no campo das políticas públicas sociais", disse o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Já Virgílio Guimarães, que tem 12% dos delegados, desconversa sobre o vice: "Ainda não é o momento para tratarmos disso".

Satisfeito com a decisão dos delegados do PT, o prefeito Marcio Lacerda evitou se pronunciar sobre o processo interno do partido que indicará o vice em sua chapa. "Respeito o PT e o seu processo de decisão interna, embora sempre tenha desejado a reedição da aliança e acreditado nisso", afirmou Lacerda.

FONTE: ESTADO DE MINAS

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