quinta-feira, 19 de abril de 2012

Bancada fluminense a favor da CPI

No entanto, peemedebistas dizem que investigação pode respingar no governo

Maiá Menezes

BRASÍLIA. A maioria dos parlamentares do Rio, governistas ou de oposição, afirma que apoiou a criação da CPI Mista do Cachoeira e que a investigação é "irreversível". Entre os do PT, a ordem é seguir a orientação do ex-presidente Lula, que aposta na comissão como uma maneira de desmontar o que consideram "a farsa do mensalão". No PMDB, a opção pela CPI é vista com preocupação, mas considerada inevitável, a despeito de o estado, governado pelo peemedebista Sérgio Cabral, ter hoje R$ 1,4 bilhão em obras com a Delta Construções, investigada pela Operação Monte Carlo.

- O esquema Cachoeira era muito grande, alimentou setores que eram contra o governo, fazendo escutas ilegais. De 2003 até agora, houve uma articulação golpista. A gravação dos Correios (que originou a investigação do mensalão) foi feita de forma intencional por esse grupo. Quem se beneficiou das escutas ilegais vai defender que o passado não seja investigado - disse o deputado Edson Santos (PT-RJ), ex-ministro do governo Lula.

O deputado Nelson Bornier (PMDB-RJ) disse que, em 20 anos de Casa, nunca viu tanta unanimidade em torno de uma CPI.

- A partir do momento que chega a tal unanimidade, quem vai deixar de assinar? - disse Bornier.

Mesmo oficialmente fiéis ao governo, os deputados do PMDB do Rio têm previsão pessimista: com liberdade para quebrar sigilo, a CPI achará munição contra o governo. Um deles, o ex-prefeito de Caxias Washington Reis, disse ter assinado o documento de criação da CPI, mas admite que a comissão acaba perdendo "os horizontes e as fronteiras". Ex-contratante da Delta, como prefeito (R$ 29,8 milhões em sua gestão), Reis defendeu a empreiteira:

- Quem faz um grande volume de obras tem os melhores contratos. A empresa tem know-how e estrutura. No meu caso, reduzi em 40% o valor do contrato com o lixo.

Para Leonardo Picciani (PMDB-RJ), a CPI é "suprapartidária". Ele afirma que não recebeu qualquer orientação de Sérgio Cabral para não assinar a CPI:

- A empreiteira tem contrato em mais de 20 estados, feitos dentro da legalidade. Como integrante da base, digo que não há irregularidades nas obras do PAC. Agora, quem pretende discutir assuntos do passado, como o mensalão, vai acabar forçando a barra.

FONTE: O GLOBO

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