sexta-feira, 13 de abril de 2012

Criação de CPI do Cachoeira preocupa Dilma e divide petistas

A criação de uma CPI para investigar o empresário Carlinhos Cachoeira e suas relações com políticos preocupa Dilma Rousseff e provoca racha no PT.

O temor da presidente é que aliados insatisfeitos usem a comissão para pressionar o governo. Entre os petistas, há divergência quanto ao apoio declarado pelo partido a CPI

CPI do caso Cachoeira preocupa Dilma e divide bancada do PT

Presidente ficou contrariada ao saber de reunião em que ministros e a cúpula do partido decidiram apoiar investigação

Temor é que comissão vire palco de aliados insatisfeitos; PT e PMDB devem assumir postos de controle

Catia Seabra, Natuza Nery e Andreza Matais

BRASÍLIA - A criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o empresário Carlos Cachoeira e suas relações com políticos começou a preocupar a presidente Dilma Rousseff e rachou o PT, seu partido.

Petistas disseram à Folha que a presidente não gostou de a CPI ter sido anunciada durante sua viagem aos EUA, nem da participação de alguns de seus principais ministros em reunião na semana passada que tratou do tema.

Na ocasião, petistas como Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) se encontraram com a cúpula do partido e decidiram apoiar a investigação.

A adesão do PT à CPI foi incentivada pelo ex-presidente Lula com o objetivo de fragilizar a oposição no ano do julgamento do mensalão, escândalo que abateu toda a cúpula do partido em 2005.

Segundo petistas, Dilma proibiu seus ministros, porém, de se manifestar sobre CPI logo que retornou de Washington, anteontem.

Ela também manifestou desagrado com a ideia da CPI como uma revanche ao mensalão. Tanto que reprovou o depoimento do presidente do partido, Rui Falcão, segundo quem é necessário usar a CPI para desmascarar os autores "da farsa do mensalão".

Ontem, ele afirmou que não vinculava uma investigação à outra.

Faca no pescoço

A disposição de Dilma, porém, é de não impor obstáculos à instalação da comissão, prevista para terça, sob o argumento de que não há como detê-la agora.

O temor do governo é que aliados insatisfeitos usem a CPI como palco para colocar a "faca no pescoço" do Planalto, convocando ministros e quebrando sigilo de pessoas como Olavo Noleto, assessor da Presidência -que admitiu ter conversado com um aliado de Cachoeira.

Em reunião ontem em Brasília do comando do PT, ficou definido que o partido tentará controlar os postos-chave da CPI. Apesar disso, cinco petistas recusaram ser relatores da comissão.

O mais cotado ontem era o ex-líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP), ou o deputado Hugo Leal (PSC-RJ). Para a presidência, o PMDB escolheu o senador Vital do Rego (PB).

Apesar de reclamação de petistas à atuação pró-CPI de dirigentes da sigla, a nota oficial da executiva nacional conclama a militância a defender" a comissão. Questionado se tinha consultado Dilma, Falcão afirmou que citou a reunião com os ministros.

Para além do discurso oficial, petistas avaliam que contratos do Executivo com a Delta, citada nas investigações como próxima à Cachoeira, podem ser alvos da CPI.

Essa preocupação já teve efeito ontem, com a exclusão do nome da construtora do requerimento de criação da comissão. O texto final fala apenas em investigar "agentes públicos e privados" e, além da Monte Carlo, cita uma investigação anterior da PF sobre Cachoeira, a Vegas.

Petistas trabalharam por essa inclusão sob o argumento de que os indícios que ela reúne são danosos à oposição.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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