quinta-feira, 12 de abril de 2012

Governo articula para manter comando de CPI do caso Cachoeira

Para evitar surpresas, Planalto quer indicar presidente e relator, principais responsáveis pelas investigações

Um dos objetivos é manter o foco apenas nas relações entre políticos e Cachoeira, sem envolver empresas

Gabriela Guerreiro, Maria Clara Cabral e Natuza Nery

BRASÍLIA - Numa tentativa de blindar o governo, aliados da presidente Dilma Rousseff se articulam para controlar a CPI que vai ser instalada no Congresso para investigar a ligação de autoridades com Carlos Cachoeira, acusado de exploração de jogo ilegal.

PT e PMDB, partidos da base aliada, negociam para ficar com a presidência e a relatoria da comissão, indicando nomes alinhados com o Palácio do Planalto.

Os petistas querem indicar um deputado para a relatoria da comissão. Cabe ao relator conduzir a investigação, o que lhe permite afastar do foco eventuais suspeitas contra membros do PT e a base.

Em recado a aliados, a presidente disse que não vai colocar obstáculos para a instalação da CPI.

A ordem do Planalto é não bloquear as investigações, mas o governo trabalha para evitar que a comissão apure a ligação de empresas privadas com Cachoeira -por isso, defende que o foco sejam as relações do empresário com congressistas.

Uma das empresas ligadas ao empresário, segundo a Polícia Federal, é a construtora Delta, uma das que mais recebem verbas federais.

Ontem, após intensa negociação, líderes partidários da base aliada apresentaram o requerimento para a instalação da CPI do Cachoeira.

O documento, que pode sofrer modificações, não fala de investigação de agentes públicos, restringindo-se à operação da PF e a fatos "intimamente" ligados a ela.

Apesar da blindagem, líderes da oposição vão brigar por um dos cargos de comando da CPI. Pela tradição, a presidência e a relatoria são das maiores bancadas da Câmara (PT) e do Senado (PMDB).

Articulador da CPI, o deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) deve ser afastado das investigações. Segundo "O Estado de S. Paulo", ele foi flagrado em conversas com integrante de Cachoeira. O deputado nega as suspeitas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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