quinta-feira, 5 de abril de 2012

Megapacote não convence empresários

Indústria insatisfeita com megapacote

Representantes de setores beneficiados, dizem que mudanças são pontuais e que não trarão benefício no médio prazo

A divulgação do megapacote governamental no valor de R$ 60 bilhões para ajudar a indústria deixou o setor econômico cheio de expectativas esta semana. As opiniões ficaram divididas. Alguns especialistas consideraram as medidas insuficientes para enfrentar a desindustrialização do País. Outros viram as ações com bons olhos, defendendo que o pacote trará maior competitividade. Mas, afinal, entre desonerações, estímulos e redução de impostos, qual será o efeito prático das medidas na geração de emprego e renda e nos custos dos produtos para o consumidor final?

Para grande parte dos representantes das áreas beneficiadas ouvidos pela reportagem do JC, as mudanças serão apenas pontuais, incapazes de trazer mudanças mais profundas. A curto e médio prazo, as estatísticas de emprego e os preços continuarão nos mesmos patamares.

“O plano está certo na sua direção, mas é insuficiente. Na nossa agenda interna, há muito mais coisa a se fazer”, opina o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. “Nosso setor é o segundo em geração de emprego na indústria de transformação e temos capacidade para criar muito mais postos, porém precisamos de ações de longo prazo”, complementa.

Para o superintendente-geral da Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Anfape), Roberto Monteiro, é muito cedo para afirmar se a desoneração na folha de salários poderá criar mais trabalho. “A gente precisa ir agora para dentro de casa, fazer as contas e verificar se será vantajoso ou não. Não era esse o nosso pleito. Temos problemas sérios de infraestrutura, no caso de logística e transporte, além de uma carga fiscal elevada. Essa precisa ser reduzida. Sem falar na batalha com os chineses”, complementou. A entidade congrega 40 fábricas de autopeças que juntas empregam 20 mil trabalhadores brasileiros.

Na opinião do presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Milton Cardoso, pela avaliação feita até agora não haverá impacto no preço. Para a entidade, uma maior geração de postos de trabalho só ocorrerá quando forem instituídas medidas de proteção ao mercado interno.

Um dos setores que destoam é o de móveis. Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis (Abimóvel), José Luiz Dias Fernandes, os preços devem cair e mais empregados devem ser gerados. “Era o que o setor precisava, um pacote que dará fôlego às empresas”. Mas, neste caso, ele ressalta que muitos dos bons resultados também são fruto do IPI zero. “O governo abdicou de alguns impostos, mas a burocracia tributária continuará. E, muitas vezes, ela pesa mais do que a própria carga”, sintetiza o coordenador da unidade de pesquisas da Fiepe, José André Freitas.

Ontem, o governo terminou publicando novas medidas. Elevou em 1 ponto porcentual a alíquota do PIS/Cofins sobre a importação de mais de 500 produtos, concorrentes dos setores beneficiados com a desoneração da folha salarial.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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