quinta-feira, 12 de abril de 2012

Para PF, governador do DF era chamado de ‘01’

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), teria tentado negociar encontro com Carlinhos Cachoeira. Em conversa com o bicheiro, o araponga Dada diz que o "01" está querendo falar com ele. Para a Polícia Federal, trata-se do governador do DF.

PF: Agnelo teria tentado encontro com Cachoeira

Para Polícia Federal, governador do Distrito Federal seria o "01" citado em diálogo gravado entre Dadá e o bicheiro

BRASÍLIA. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), teria tentado negociar um encontro com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Referências à intermediação da reunião entre o bicheiro e o governador aparecem num relatório da Polícia Federal sobre a organização de Cachoeira, conforme trechos do documento divulgado ontem pelo "Jornal Nacional", da TV Globo. O bicheiro é acusado de chefiar a exploração ilegal de máquinas caça-níqueis, bicho e outras atividades ilegais em Goiás e no Distrito Federal. Pelo documento da polícia, o governador seria tratado pelo grupo de Cachoeira como o "01".

As informações sobre o encontro entre Cachoeira e o 01 aparecem numa conversa entre o bicheiro e o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá. No diálogo, interceptado em 16 de junho do ano passado, Dadá diz a Cachoeira que o "01" queria falar com ele. Dadá afirma que o recado teria sido repassado por João Carlos Feitoza Zunga, ex-subsecretário de Esporte.

- O Zunga me ligou aqui, está querendo falar com você, porque o chefe dele lá, o 01, está querendo... quer falar com você - diz Dadá.

- Vou falar com ele - confirma Cachoeira.

Os dois não dizem quem seria o 01. Mas relatório da PF indica sobre quem os dois estariam confabulando. "Dadá diz que Zunga ligou e que o 01, Magrão (dá a entender que é Agnelo Queiroz), quer falar com Carlinhos", diz o documento divulgado pelo "Jornal Nacional". O texto faz parte do relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, há duas semanas. A partir das informações, o ministro Ricardo Lewandowski decidiu abrir inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e outros políticos.

O relatório mostra ainda que outros integrantes da organização de Cachoeira negociaram pagamento semanal de propina a Zunga. Uma das referências ao suborno aparece numa conversa de fevereiro do ano passado, entre Rosalvo Simprini Cruz, um dos contadores da organização de Cachoeira, e José Olímpio Queiroga, outro sócio nos negócios de Cachoeira.

- Deixa eu te falar, tu ligou pro Zunga? - pergunta José Olímpio.

Rosalvo diz que sim. Olímpio o parabeniza pela iniciativa e quer saber se está tudo certo.

- Tá. Não sei se ele gostou muito do valor. Falei : "ah, eu tenho aqui o negócio pra você, dois e meio" - relata Rosalvo.

Olímpio acrescenta que o pagamento é sistemático.

- Mas é toda semana, fala pra ele que é toda semana - diz Olímpio.

Agnelo Queiroz negou que tenha pedido qualquer encontro com Cachoeira. Segundo ele, as denúncias seriam uma tentativa de envolver o PT no escândalo dos caça-níqueis de Cachoeira.

- Isso é uma fantasia. Não tenho ligação nenhuma. É mais uma tentativa frustrada de envolver meu governo - disse o governador em entrevista no fim da tarde.

Procurado pelo GLOBO, Zunga não foi localizado.

FONTE: O GLOBO

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