quarta-feira, 11 de abril de 2012

Planalto mantém no cargo assessor que conversou com número 2 de bicheiro

Gilberto Carvalho confirma ter pedido esclarecimentos, mas defendeu Noleto

Luiza Damé

BRASÍLIA. O Palácio do Planalto decidiu manter no cargo o subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), o petista goiano Olavo Noleto, flagrado num telefonema com Wladimir Garcez, ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia e número dois do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Embora o assunto tenha mobilizado os ministros palacianos desde segunda-feira da semana passada, quando a presidente Dilma Rousseff tomou conhecimento do fato, o governo bancou a versão do assessor de que não tem ligação com os negócios ilícitos de Cachoeira.

Em nota ontem, pela manhã, a SRI disse não haver "qualquer indício de irregularidade" na conduta de Noleto que justifique sua demissão. E negou que tenha havido reunião no Planalto para tratar da situação dele. Mais tarde, porém, o ministro da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, confirmou as conversas com Noleto, semana passada, e afirmou que o assunto, para o Planalto, é "página virada". Segundo Gilberto, o governo não teme que a possível relação de Noleto com Garcez respingue no Planalto.

O telefonema entre Garcez e Noleto é conhecido pelo Planalto desde o dia 2 de abril. Foi a ministra da SRI, Ideli Salvatti, quem informou Dilma e Gilberto sobre a situação de seu assessor. O ministro disse que Noleto é seu amigo e contou que falou com ele na semana passada sobre a relação com Garcez.

Segundo Gilberto, Noleto lhe disse que tratou com Garcez de um possível apoio do senador Demóstenes Torres (sem partido-DEM) à candidatura de Dilma Rousseff, em 2010. Esse apoio, disse Gilberto, acabou não ocorrendo, porque o DEM indicou Indio da Costa como vice na chapa do tucano José Serra.

- Ele (Noleto) nos assegurou que o único contato com esse ex-presidente da Câmara tinha sido dessa natureza. Não conhecia o Carlinhos Cachoeira, nunca teve contato com ele - disse Gilberto, salientando que a função do subchefe é receber parlamentares, prefeitos e governadores.

Noleto, em nota, disse que "jamais conversou, não conhece, nem foi apresentado" a Cachoeira, mas que conhece e conviveu com Garcez, quando foi chefe de gabinete do ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson Guimarães (PT), entre 2001 e 2002.

Tanto a SRI como Gilberto negaram que Dilma tenha pedido a demissão de Noleto.

FONTE: O GLOBO

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