sábado, 14 de abril de 2012

Planalto quer gente de confiança à frente de comissão

Nos bastidores, governo admite que poderia ter evitado criação da CPI

Fernanda Krakovics e Isabel Braga

BRASÍLIA. Após manter-se distante da discussão sobre a criação da CPI por duas semanas, o governo decidiu que vai acompanhar de perto as negociações envolvendo a investigação sobre Carlinhos Cachoeira. A avaliação é que, se tivesse mantido sintonia com os líderes aliados, com o PT principalmente, a comissão poderia nem ter sido criada.

Sabendo que já não é mais possível impedir que a CPI seja instalada, o governo se preocupa em definir os nomes que vão integrar o colegiado. Ontem, o tema foi parte da conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.

A ordem é assegurar que os representantes da base aliada na CPI sejam parlamentares leais ao governo. Ontem, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, começou a tocar a nova agenda: recebeu os líderes do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). As reuniões serviram para dar início a um debate coordenado sobre os nomes governistas - a maior preocupação é em relação aos nomes pare relatar e presidir a CPI.

O Planalto caminha no fio de navalha. Se, por um lado, quer manter os olhos próximos do trabalho da CPI, por outro há uma enorme preocupação em não deixar a impressão de que Dilma quer controlar os trabalhos para proteger corruptos.

- Foi uma bobagem a criação dessa CPI com a presidente da República estando com a popularidade que a Dilma está. Agora não há como voltar atrás, então o necessário é reduzir os danos - diz um interlocutor da presidente.

A preocupação do Palácio do Planalto extrapola as denúncias de envolvimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), com Cachoeira. O Planalto teme que a oposição use a CPI para se vingar do PT, e convoque para depor o subchefe de Assuntos Federativos, Olavo Noleto, atingindo em cheio o governo. Petista de Goiás, Noleto está no Planalto desde 2003. Apesar de não integrar o círculo próximo da presidente, Noleto tem papel de destaque na hierarquia federal, como responsável pela articulação do governo com prefeitos e governadores.

FONTE: O GLOBO

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