domingo, 22 de abril de 2012

Planalto trabalha para adiar mensalão no STF


A turbulência política causada pela CPI do Cachoeira tende a se agravar nas próximas semanas, com a iminência do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).

Nos bastidores, a presidente Dilma Rousseff já manifestou o desejo de que o processo seja levado ao plenário da Corte somente em 2013, mas a pressão sobre o STF pode atrapalhar os planos do Planalto.

Dilma tenta jogar com o tempo. Se a análise do processo ficar para o próximo ano, pelo menos dois ministros estarão aposentados: Carlos Ayres Brito e Cezar Peluso, cujos votos hoje são dados como certos pela condenação de figurões petistas, como José Dirceu e José Genoino. Com isso, a presidente poderia nomear substitutos mais afinados com o governo e ainda evitar que o julgamento ocorra em ano eleitoral.

– Se depender da vontade da presidente, o STF não julga o mensalão este ano. Ficando para 2013, dá tempo de colocar mais gente dela – diz um interlocutor de Dilma.

Essa lógica já foi seguida pelo Planalto nas três últimas indicações para o STF. Dias Toffoli, Luiz Fux e Rosa Weber só foram nomeados após sondagens sobre a posição futura dos magistrados no julgamento do mensalão. Contudo, não há garantias de que o trio atenda aos desejos do governo. Toffoli inclusive já teria avisado a Dirceu que irá se declarar impedido, por ter trabalhado com o ex-ministro.

O voto de Fux é uma incógnita. E Rosa, que o PT considerava manipulável, agora assusta o partido após levar para trabalhar em seu gabinete o juiz federal Sergio Moro, considerado implacável no combate à corrupção.

– Rosa vai surpreender muita gente. De dócil, não tem nada – afirma um magistrado com trânsito no STF.

Como formalmente o governo não tem como adiar o julgamento, dentro da Corte os próprios ministros tentam apressar a decisão. Revisor do processo, Ricardo Lewandowski renunciou a sua cadeira no TSE para se dedicar à analise das 50.119 páginas do calhamaço. Em uma reunião para discutir o assunto, o presidente do tribunal, Ayres Britto, perguntou ao colega se ele queria ficar marcado como o "coveiro do mensalão".

– A maioria dos ministros está com o voto pronto, só esperando pelo Lewandowski – diz um juiz que teve acesso aos autos.

Na contramão do Planalto, o grupo de Dirceu, apontado como "líder da organização criminosa" que teria comprado apoio de parlamentares, trabalha para que o julgamento ocorra em breve. Ele está convicto de que não há prova contra ele.

– Se o Supremo julgar pelo que existe nos autos, não há como condenar o Dirceu – avalia o deputado Paulo Ferreira (PT-RS), que foi testemunha de defesa do ex-ministro.

FONTE: ZERO HORA (RS)

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