domingo, 22 de abril de 2012

Protestos tomam 25 estados


Reivindicando a marcação do julgamento do mensalão e o fim do voto secreto, milhares de manifestantes se reuniram em mais uma edição da Marcha contra a Corrupção

Edson Luiz


Milhares de pessoas saíram às ruas ontem para protestar contra a corrupção em 24 estados e no Distrito Federal. Em Brasília, a marcha ocorreu na Esplanada dos Ministérios e reuniu pelo menos três mil pessoas, segundo a Polícia Militar. A principal reivindicação do grupo era a marcação do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o fim do voto secreto no Congresso. A manifestação não teve a participação de políticos, mas contou com o apoio de algumas entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Em Brasília, centenas de pessoas concentraram-se em frente ao Museu da República e saíram em passeata às 11h, gritando palavras de ordem. A maioria dos participantes era formada por jovens entre 15 e 25 anos, mas, ao longo do percurso, famílias e turistas juntaram-se ao grupo. Nem mesmo o forte calor afastou a multidão. Os manifestantes — cuja maioria estava vestida de preto e com o rosto pintado com as cores verde a amarela — caminharam até a Praça dos Três Poderes, onde se dispersaram depois de duas horas. Alguns manifestantes continuaram a caminhada no sentido contrário.

A novidade desta edição da Marcha contra a Corrupção foi os grupos terem se unido num só movimento, ao contrário do ano passado, quando houve protestos distintos. "Nós participamos da mesma marcha, pois entendemos que os objetivos são os mesmos e, quanto maior a participação popular, mais serão os resultados positivos", postaram os organizadores na internet, justificando a união da organização Nas Ruas e do Movimento Brasileiro de Combate à Corrupção (MBCC). A exemplo de edições anteriores, o protesto foi planejado por meio das redes sociais.

Os cartazes e faixas levados pelos manifestantes faziam referência ao mensalão e lembravam o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo desde fevereiro, e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), que corre o risco de perder o mandato por suas ligações com o bicheiro. Manifestantes também criticaram o governador do DF, Agnelo Queiroz. O protesto também pedia o fim do foro privilegiado de autoridades. Desta vez, não houve a participação de políticos ou manifestação de partidos. Somente o presidente da OAB no Distrito Federal, Francisco Caputo, subiu no carro de som para falar. "Nós estamos aqui de novo porque estamos indignados", afirmou. "Se não houvesse nada disso, estaria curtindo a festa de Brasília e não protestando contra tudo o que está acontecendo", acrescentou Caputo.

Além do Distrito Federal, ocorreram manifestações na Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, entre outros estados. Só não houve registro de passeatas em Roraima e no Acre. No Rio, o movimento aconteceu em Ipanema, na Zona Sul, onde pelo menos 50 pessoas colhiam assinaturas dos transeuntes para um abaixo-assinado pedindo aos ministros do Supremo pressa no julgamento do mensalão. Em Guarapari (ES), a manifestação foi contra o reajuste dos salários de vereadores. Moradores da cidade fincaram 148 cruzes em uma praia, simbolizando o percentual de aumento dado aos políticos locais.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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