sábado, 28 de abril de 2012

PSDB acusa governo de direcionar CPI

Congresso sindical do PSDB é marcado por críticas do partido ao PT e ao governo federal, acusados de utilizarem a CPI instalada no Congresso contra a oposição

Daniela Lima

SÃO PAULO – O primeiro congresso sindical do PSDB em São Paulo foi palco para os principais líderes do partido atacarem o governo federal e defenderem tucanos envolvidos em acusações de envolvimento com o empresário Carlos Cachoeira. No evento, realizado com apoio de empresários e grandes construtoras, os tucanos criticaram o que chamaram de aparelhamento dos sindicatos e conclamaram os trabalhadores a protestar contra a desindustrialização do País.

Em seu discurso, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), cotado para disputar a Presidência da República em 2014, citou a presidente Dilma Rousseff e disse que há um ufanismo desenfreado sobre seu desempenho. “Há um ufanismo desenfreado com os índices de aprovação da presidente Dilma. Mas se aprofundarmos os dados, veremos que 60% da população está insatisfeita com a saúde”, disse.

Em outra frente, líderes do partido defenderam o andamento das investigações envolvendo o empresário Carlos Cachoeira, acusado de explorar o jogo ilegal e manter uma rede de influência com empresários e políticos, mas acusaram o governo de estar direcionando o escândalo para a oposição. “Sou a favor da CPI, desde que ela não esteja a favor de uma maioria”, afirmou o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE). “Na última semana só saíram vazamentos contra nós. O PT quer segurar o governador deles, de Brasília, Agnelo (Queiroz), que já está na forca, falando de Goiás e de Minas”, disse Guerra. Escutas feitas pela Polícia Federal indicaram o envolvimento de Cachoeira com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e a nomeação de uma prima do contraventor no governo de Minas, quando o hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG) era governador do Estado.

A edição de ontem da Folha de S.Paulo mostrou que Cachoeira mantinha contatos com um diretor da empreiteira Delta em São Paulo. “O próprio Marconi se colocou à disposição da investigação, foi o primeiro a propor ir depor na CPI. Agora, pede ao procurador-geral da República que o investigue. Ele vai sair desse episódio como entrou: absolutamente seguro”, disse Sérgio Guerra.

O governador Geraldo Alckmin também defendeu as investigações. “Os contratos da Delta em São Paulo, a maioria, já foi concluída. Mas investigar é sempre bom”, disse.

Durante o evento, Alckmin e Guerra enalteceram a candidatura do ex-governador José Serra à Prefeitura de São Paulo. Serra, ao discursar, mesclou temas nacionais com os do cotidiano nas cidades e pediu que os sindicalistas filiados ao PSDB se mobilizem para a eleição municipal. “O futuro começa agora, afirmou. Proponho que o núcleo sindical faça propostas para as cidades, para que possamos montar a plataforma tucana para 2012”, disse.

O congresso também evidenciou o desconforto de Serra com relação a Aécio. Ontem, a Folha de S.Paulo publicou entrevista na qual o senador diz que, mesmo se for eleito prefeito, Serra pode deixar o cargo para disputar a Presidência em 2014. A declaração vai na contramão da estratégia de Serra, que tenta afastar de todo modo especulações sobre o abandono da prefeitura.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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