quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sem acordo, greve continua no Comperj

Operários fizeram piquete ontem na rodovia, fechando o acesso dos trabalhadores ao complexo

Bruno Villas Bôas

As obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) seguiram paradas ontem, pelo segundo dia seguido, com a greve iniciada por trabalhadores de empreiteiras contratadas pela Petrobras. Os funcionários fizeram um piquete das 7h às 9h30m num trevo no início da Rodovia Tanguá, uma das vias de acesso ao Comperj. Com os trabalhadores de braços cruzados e sem uma nova proposta das empresas, a construção da refinaria da Petrobras na cidade de Itaboraí, região metropolitana do Rio, segue sem previsão de ser retomada.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Montagem, Manutenção e Mobiliário de São Gonçalo, Itaboraí e Região (Sinticom), a adesão foi novamente geral entre os 15 mil operários que trabalham nas obras do Complexo. Os trabalhadores pedem aumento de 12% no piso salarial, atualmente em R$ 860, mais um vale-alimentação de R$ 300.

Ontem, o Sindicato das Empresas de Engenharia de Montagem e Manutenção Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Sindemon) e o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon) - que representam os 24 consórcios envolvidos na obra -mantiveram a oferta de 9% do piso salarial e vale-alimentação de R$ 280 para a data-base.

No piquete de ontem, cerca de oito mil trabalhadores protestaram no entorno da Rodovia Tanguá, segundo o Sinticom. Mas a Polícia Militar, que patrulhou o local, apresentou uma contagem menor, de duas mil pessoas. Representantes de diferentes centrais sindicais se revezaram ao microfone num carro de som para falar aos operários.

Além do aumento do piso salarial e vale-alimentação, sindicalistas querem a melhoria da refeição servida por empreiteiras no canteiro de obras, fim da terceirização da Petrobras, aumento da participação nos lucros e folgas de campo mais frequentes para funcionários que vieram de outros estados.

Pelo menos 150 ônibus usados para transportar trabalhadores ao Comperj passaram a manhã estacionados ao longo da estrada, o que também congestionou o trânsito na região. Outra barreira foi montada pelo sindicato no portão de entrada do Comperj, com o objetivo de convencer trabalhadores a aderirem à greve.

Segundo o Sinticom, foi solicitada uma reunião para hoje, às 14h, na sede da Petrobras com a direção da estatal e o Sindemon. O objetivo é discutir a greve e tentar um acordo entre as empresas e os trabalhadores. O Sindemon, porém, não confirmou a reunião.

Em nota, os sindicatos das empreiteiras que atuam no Comperj informaram que pretendem iniciar uma campanha de conscientização dos trabalhadores em greve para esclarecer a proposta de acordo sindical 2011-2012. "O objetivo dos sindicatos é mostrar aos trabalhadores que a última greve já foi considerada abusiva e, com mais esta paralisação, eles podem ser prejudicados com perdas salariais pelos dias parados, que são descontados quando a greve é abusiva", diz a nota.

Patrões dizem que greve pode reduzir cesta básica

O sindicato das empreiteiras acrescentou na nota que "os trabalhadores podem perder a cesta básica e a participação nos lucros do período, que são pagas àqueles que cumprem a carga horária mínima estabelecida".

Segundo Luiz Augusto Rodrigues, secretário-geral do Sinticom, não existe previsão para o fim da greve. Ele descarta a acusação do Sindemon de que a greve seria abusiva. Hoje será realizado um novo piquete na rodovia de acesso ao Comperj. Nova assembleia de trabalhadores deve ocorrer nos próximos dias.

-Esperamos ser recebidos amanhã num mesa redonda com as empresas para negociar as propostas - afirma Rodrigues.

FONTE: O GLOBO

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