sexta-feira, 18 de maio de 2012

CPI não chama governadores e Cavendish

Parlamentares da CPI que apura as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos, governos e empresas aprovaram ontem a convocação de 51 pessoas, mas pouparam o dono da Delta, Fernando Cavendish, e os governadores citados nas investigações. O relator Odair Cunha (PT-MG) nega acordo para blindar governadores: "Chamá-los agora, sem indícios suficientes, é fazer da CPI palco para se defenderem."

CPI blinda governadores e comando da Delta

Comissão convoca 51 pessoas e quebra sigilo de 36, mas não analisa se chamará Perillo, Agnelo, Cabral e Cavendish

Chico de Gois, Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA . A CPMI que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com parlamentares, governadores e empresas decidiu ontem convocar 51 pessoas e quebrar sigilos fiscais, bancários e telefônicos de 36 pessoas físicas e jurídicas, entre elas parentes do contraventor e integrantes de sua quadrilha. Apesar da lista de convocações aprovadas, a CPMI sequer analisou a convocação dos governadores Marconi Perillo (GO), Agnelo Queiroz (DF) e Sérgio Cabral (RJ), nem do ex-presidente da construtora Delta Fernando Cavendish. Ficaram para ser apreciados na próxima reunião administrativa, em 5 de junho, requerimentos sobre a quebra dos sigilos da empresa em nível nacional. Ontem, sob protesto da oposição e de alguns governistas, a comissão só aprovou o pedido ao acesso de dados das subsidiárias da Delta no Centro-Oeste.

- Fui um dos três únicos a se colocar contra o plano de trabalho do relator, porque já se anunciava uma investigação seletiva, que protege alguns e expõe outros já expostos. É uma CPI do Jogo que está virando um jogo de cartas marcadas - reclamou o tucano Cássio Cunha Lima.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) protestou:

- Tem elementos de acordão. Não se convocam governadores nem o ex-presidente da Delta. Existe um movimento de blindagem sobre a construtora e o senhor Cavendish para que não se chegue a novos atores políticos.

Apesar da falta de nomes nacionais entre os convocados, boa parte dos personagens que emergiram das investigações do esquema foi chamada. Estão na lista Leonardo Ramos, sobrinho de Cachoeira que pagou a compra da casa de Perillo; o irmão do senador Demóstenes Torres, Benedito Torres, suspeito de ter favorecido Cachoeira; e servidores e ex-servidores dos governos de Goiás e Distrito Federal; outros familiares do bicheiro, inclusive o pai; e integrantes da cúpula da quadrilha.

A CPI quebrou o sigilo bancário, fiscal e telefônico de 36 pessoas e empresas. Na lista, subsidiárias da Delta no Distrito Federal, em Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o ex-diretor da empresa Cláudio Abreu e firmas de Cachoeira.

- Temos foco e não vamos nos afastar dele. Chamar governadores agora, sem indícios suficientes, é fazer da CPI palco político para eles se defenderem - defendeu o relator Odair Cunha.

Os parlamentares concordaram em pedir à Justiça a revogação do sigilo imposto às operações Vegas e Monte Carlo, além da íntegra das gravações originais obtidas pela Polícia Federal.

A partir de requerimento do deputado Miro Teixeira, a CPI pediu aos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores as datas em que Cachoeira, Demóstenes e a mulher do senador, Flávia, viajaram ao exterior e os destinos. Será possível dizer se senador e contraventor viajaram juntos. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) também pediu que o governo atue em parceria com órgãos internacionais para descobrir contas-correntes e bens de Cachoeira e de Demóstenes no exterior.

- Não vejo indício de participação ampla, geral e irrestrita de toda a empresa Delta e do senhor Fernando Cavendish - protestou Odair Cunha.

FONTE: O GLOBO

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