quarta-feira, 2 de maio de 2012

Delta atuou para proteger liderança do PMDB, diz PF

Gravações da PF mostram que um diretor da Delta pediu a ajuda de Cachoeira para evitar que Demóstenes Torres atacasse o vice-líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha. O senador iria depor como testemunha de defesa de uma jornalista processada pelo deputado. Os envolvidos negam que isso tenha ocorrido.

Gravação indica que construtora tentou blindar peemedebista

Então diretor da Delta solicita que Demóstenes não ataque Eduardo Cunha; deputado diz que nunca pediu isso

Cachoeira afirma que irá conversar com o senador goiano e indica estar otimista; "Pedido nosso é uma ordem"

Breno Costa

BRASÍLIA - Telefonemas interceptados pela Polícia Federal mostram que a cúpula da empreiteira Delta Construções atuou para proteger o vice-líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), em processo que o parlamentar movia contra uma jornalista.

É a primeira vez que Cunha, que é amigo do dono da empreiteira, Fernando Cavendish, é citado em grampos da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, que originou a CPI do Cachoeira.

Em conversa gravada no dia 25 de março de 2011, o então diretor regional da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, conversa com o suspeito de contravenção Carlinhos Cachoeira a respeito de um depoimento que o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) daria quatro dias depois em um processo que Cunha move contra a jornalista Dora Kramer, de "O Estado de S. Paulo".

A ação está trancada desde maio passado no Tribunal de Justiça de São Paulo. O processo questiona um artigo sobre a disputa pelo controle do fundo de pensão de Furnas, que citava Cunha.

Abreu relata a Cachoeira ter sido "incumbido" de convencer Demóstenes, arrolado como uma das três testemunhas de defesa da jornalista, a "não pegar pesado" com o vice-líder do PMDB.

Demóstenes e Cunha são adversários políticos. "Eu fui incumbido aqui para falar com você para falar lá com o Demóstenes, cara", diz Abreu. "Ele vai depor a favor da Dora, só que estão pedindo para mim ir lá conversar com ele para não pegar pesado com o Eduardo."

Cachoeira diz então que irá conversar sobre o pedido com o senador, e indica estar otimista com a receptividade do senador: "Vamos conversar. Pedido nosso é uma ordem".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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