domingo, 6 de maio de 2012

Maioria da CPI quer convocar governadores

Enquete do Estado com os 32 titulares da CPI do Cachoeira mostra que a maioria apoia a convocação imediata dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ), além de Fernando Cavendish, da Delta. Os únicos que são taxativamente contrários são José Pimentel (PT-CE) e Sérgio Souza (PMDB-PR). "Não vi nada que os comprometa", disse Souza.

Maioria da CPI mista quer convocação imediata de governadores e Cavendish

João Domingos, Eugênia Lopes

BRASÍLIA - Enquete feita pelo Estado com os 32 titulares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira mostra que será infrutífera a tentativa de blindagem dos partidos aos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT); e Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e ao empresário Fernando Cavendish, da Delta Construções. A maioria disse ser favorável à convocação imediata do quarteto.

Dos 32 integrantes da comissão, 7 senadores e 9 deputados defendem essa posição, somando 16 votos. Como o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), só vota para desempatar, ele não conseguiria mudar o resultado de uma eventual convocação dos governadores e do empresário, mesmo que optasse por dar seu voto. No máximo, empataria o placar. Vital disse ao Estado que, por ser presidente da CPI, não revelaria seu voto.

O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), também é cauteloso. Ao afirmar que não há tema proibido para as investigações, defende que, antes da convocação dos governadores e do empresário, sejam analisados os documentos das Operações Vegas e Monte Carlo. As duas ações da Polícia Federal desvendaram o esquema de corrupção e tráfico de influência montado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Seguem o raciocínio de Cunha mais quatro senadores e seis deputados. "Eu quero, sim, convocar governadores e o empresário Cavendish. Mas, primeiro, quero olhar os documentos até para saber o que vou perguntar", disse o senador Humberto Costa (PT-PE), também relator do processo de cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Conselho de Ética do Senado. Demóstenes está sendo acusado de mentir no plenário do Senado por ter negado qualquer ligação com Cachoeira. Mas cerca de 300 conversas entre os dois constam das gravações feitas pela PF, e a situação do senador é a pior possível ante seus pares.

"Ilações". Dos 32 titulares da CPI, os únicos que são taxativamente contrários à convocação dos três governadores e do empresário, que foi presidente da Delta até o agravamento do escândalo, são os senadores José Pimentel (PT-CE) e Sérgio Souza (PMDB-PR). "Eu não vejo razões para convocar os governadores nem o empresário pelo que apareceu até agora", disse Pimentel. "O foco são as ligações do Cachoeira e não vi nada que comprometa os governadores e Cavendish. O máximo que aparece são ilações, conversas de terceiros", completou Souza.

O senador Fernando Collor (PTB-AL), que se autoproclamou guardião dos documentos que chegarem à CPI e insinuou que um eventual vazamento recairá sobre as costas do presidente Vital do Rêgo, disse ao Estado que não dá opinião sobre a CPI.

O senador Vicentinho Alves (PR-TO) pediu desculpas por não adiantar o que fará. "Tenho de seguir a orientação do meu partido. E ainda não sei qual é". Cuidado que não teve seu colega da Câmara, Maurício Quintela Lessa (AL), que se posicionou imediatamente favorável às convocações.

Pacote único. Defensor da ida à CPI dos três governadores e do empresário, o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), vincula a convocação de Perillo, Agnelo e Cabral a um só requerimento com os nomes de todos eles. "É preciso fazer isso, se não eles (os governistas), que têm a maioria, chamam o Perillo e deixam os outros dois de fora. Então, que convoquemos todos juntos", afirmou o tucano. "Não podemos ter dois pesos e duas medidas. Temos de convocar todos", disse o deputado Sílvio Costa (PTB-PE).

Desafetos políticos de Perillo, em Goiás, e de Agnelo, em Brasília, os deputados Iris de Araújo (PMDB-GO) e Luiz Pitiman (PMDB-DF), tiveram o cuidado de não pedir de cara a convocação dos adversários. Não querem que a presença deles na CPI pareça um acerto de contas. "Não temos elementos ainda para convocar nenhum deles. Temos que aguardar o exame da documentação", disse Iris.

Presos. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) afirmou que, antes de mais nada, quem tem de ser ouvido é Cachoeira, cujo depoimento está marcado para o dia 15. "Tem que chamar primeiro quem está preso. Não tem sentido ouvirmos os governadores antes de ter os autos do processo." Após Cachoeira, ele defende que Cavendish compareça.

Para o senador Pedro Taques (PDT-MT), além dos governadores é fundamental ouvir o empresário, para que a comissão não se torne "de brincadeirinha."

O plano de trabalho da CPI não prevê a convocação nem dos governadores nem de Cavendish. Em junho, haverá uma nova avaliação sobre a convocação dos quatro.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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