quinta-feira, 24 de maio de 2012

PT do Recife tem mais um Dia D

Executiva nacional se reúne em São Paulo e decide sobre candidatura. Entre vários caminhos, pode validar a prévia com vitória de João da Costa, mandar realizar nova votação e até escolher um terceiro nome.

PT procura o "mal menor"

PT x PT Cúpula nacional decide hoje, em São Paulo, polêmica envolvendo a prévia do partido no Recife, que corre o risco de ser anulada

Joana Rozowykwiat

Não há uma solução boa, apenas a menos pior, ou seja, o mal menor. Esta é a avaliação de muitos petistas que esperam hoje o fim do impasse sobre quem será o candidato da sigla à Prefeitura do Recife. Em ambiente de tensão e depois de muito desgaste para a legenda, a Executiva Nacional do PT se reúne nesta tarde, para decidir se valida ou não o resultado da prévia disputada no domingo (20) entre o prefeito João da Costa e o secretário estadual de Governo Maurício Rands. Nenhuma saída será fácil e qualquer que seja o resultado, o desfio será juntar os caquinhos.

Formada por 20 integrantes, a Executiva do partido se reunirá às 14h, em São Paulo. Ouvirá as partes e tomará sua decisão com base numa auditoria realizada para identificar se houve irregularidade no processo eleitoral. Os petistas ligados a Rands afirmam que foram incluídos na lista de votantes filiados que não estariam aptos a comparecer às urnas.

Caso a cúpula nacional decida validar a prévia, hipótese vista como improvável, João da Costa é o vencedor. Ele recebeu 7.503 votos, 553 a mais que o seu adversário. Se a decisão for por anular – como muitos previam ontem -, a Executiva irá deliberar então sobre o que fazer. Várias opções estão na mesa: convocar nova prévia, realizar uma eleição apenas entre delegados ou a própria Direção Nacional resolveria qual petista entrar na disputa.

Neste último caso, a direção pode indicar, inclusive, um terceiro nome, hipótese levantada por membros da Executiva, de acordo com petistas ligados a Rands. Ontem, lideranças aliadas a ele, como o senador Humberto Costa, davam como certa a anulação. "A prévia vai ser invalidada. Digo isso com base em fatos", defendeu Humberto. Já do lado do prefeito, a alegação era de que a vontade da militância deve prevalecer.

Apesar de a discussão ser em torno da tal lista de votação, outras variáveis também pesarão na decisão. O comportamento das partes na prévia, a judicialização do processo interno, o potencial eleitoral de cada um, a relação com os aliados e a capacidade de unir a sigla estão entre os fatores a serem pesados, dizem lideranças. "Toda decisão de partido tem sempre o componente político, embora o dado mais importante seja a aplicação do estatuto", disse Elói Pietá, secretário-geral da legenda. "A disputa foi muito acirrada, tensa, teve declarações pela imprensa. Então o que vai acontecer é uma solução menos pior", disse.

Ontem, o dia foi de tensão e muitas articulações. Em Brasília, Rands e Costa visitaram deputados e membros da Executiva, para expor suas versões. Dirigentes mostravam-se receosos a respeito do que pode acontecer pós-reunião. Sabiam das dificuldades que encontrarão para superar as sequelas de um processo pautado por xingamentos, denúncias e questionamentos à capacidade de gestão dos pré-candidatos. Estavam cientes de que a briga interna irritou eleitores e aliados, que já cogitam lançar outros candidatos, colocando um fim na até então vitoriosa Frente do Recife e favorecendo a oposição.

"Não tem solução que agrade a todos. Qualquer que seja a decisão, deixará marcas, terá uma carga grande de insatisfação. Estamos perdendo com tudo isso, o PT sofre. O nosso esforço é para que os insatisfeitos respeitem a decisão final, seja ela qual for", disse Pedro Eugênio, presidente estadual.

Ontem, os militantes ponderavam sobre o peso que teria cada uma das opções, caso a prévia seja anulada. Realizar uma nova consulta às bases ou mesmo aos delegados demandaria tempo. Isso exporia o partido a pelo menos mais uma semana de crise, o que poderia piorar a situação. Por outro lado, uma intervenção nacional no município é vista como uma medida drástica demais, um "processo duro", como classificou um dirigente.

O próprio João da Costa resgatou o caso do PT do Rio que, em 1998, lançou a candidatura do ex-deputado Vladimir Palmeira ao governo do Estado. O diretório nacional, contudo, interveio na decisão, para garantir um acordo nacional com o PSB. Desta forma, o PT teve que contentar-se com a vaga de vice de Anthony Garotinho. A aliança não prosperou e o partido nunca mais se reergueu no Estado.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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