terça-feira, 22 de maio de 2012

PT enfrenta dificuldades nas capitais

Cristian Klein

SÃO PAULO - O PT é apontado por preocupadas legendas - aliadas ou adversárias ao governo federal - como aquele que será o grande vitorioso nas eleições de outubro. A previsão é que, no comando da máquina federal há dez anos, os petistas darão finalmente o "pulo do gato" no plano municipal, onde ainda estão em terceiro lugar em número de prefeituras - atrás do PMDB e do PSDB - e revezam com os pemedebistas na liderança do total de votos. Pelo andar do cenário pré-eleitoral, porém, o favoritismo não é evidente, ao menos entre as 26 capitais.

Em São Paulo (maior colégio eleitoral) e Porto Alegre (nono) - maiores apostas do partido nas regiões Sul e Sudeste - as candidaturas petistas não deslancharam: o ex-ministro Fernando Haddad aparece em sétimo lugar na capital paulista e, na gaúcha, o deputado estadual Adão Villaverde é o terceiro, numa disputa que desponta polarizada.

Nas duas maiores cidades governadas pelo partido, Fortaleza (quinto maior colégio eleitoral) e Recife (sétimo), a manutenção do poder, antes tida como bastante provável, agora está ameaçada.

A confusão ocorrida anteontem nas prévias no Recife põe em risco o apoio do governador Eduardo Campos (PSB). Em Fortaleza, é o também governador pessebista, Cid Gomes, que deve deixar de dar sustentação aos petistas.

"A aliança está quebrada", afirmou o deputado federal José Guimarães (PT-CE), durante intervalo da reunião do diretório nacional do partido, em Porto Alegre, na sexta-feira.

Petistas creditam ao ex-governador Ciro Gomes, irmão de Cid, o azedamento da relação. Afirmam que enquanto "Ciro fala, o governador cala". Ciro trabalharia para a cisão com os petistas, como fez na eleição municipal de 2004, ao apoiar o então deputado federal, hoje senador, Inácio Arruda (PCdoB), e de 2008, quando esteve ao lado da ex-mulher, a então senadora, hoje deputada estadual, Patrícia Saboya (PDT).

"Falta a conversa com o governador, que não ocorreu até agora. Mas ainda não há esta definição", disse a prefeita Luizianne Lins, numa declaração mais cautelosa sobre o rompimento da aliança.

Luizianne conta que o partido já acertou coligação com cinco siglas, entre as quais PV, PSC e PTdoB. O provável candidato é seu secretário municipal de Educação, Elmano de Freitas.

O grupo de Ciro e Cid Gomes, por sua vez, articula uma aliança com o PMDB, que pode ter como concorrente o presidente da Assembleia Legislativa, Roberto Cláudio, ou o secretário estadual especial da Copa de 2014, Ferruccio Feitosa, ambos do PSB. O PMDB ficaria com o vice da chapa. O bloco do governador também teria como alternativa apoiar Inácio Arruda, o que o tiraria do páreo para a eleição ao Senado em 2014.

A situação de Fortaleza junta-se ao imbróglio do Recife, onde o prefeito João da Costa venceu extraoficialmente, na prévia de domingo, o secretário estadual de Governo, Maurício Rands, petista preferido pelo governador Eduardo Campos. Caso o resultado seja confirmado, Campos deve apoiar o deputado federal do PMDB Raul Henry.

Com as duas maiores prefeituras em perigo, o PT precisará avançar em cidades de peso. Diante do cenário mais difícil em São Paulo e Porto Alegre, Salvador - terceiro maior colégio eleitoral municipal - é a que oferece a melhor perspectiva. A corrida é liderada pelo deputado federal ACM Neto (DEM), mas o deputado petista Nelson Pelegrino é apoiado pelo governador e correligionário Jaques Wagner, que conta com ampla base. O PT também tem boas perspectivas de manter Goiânia (11º) e Vitória (59º) e, com a ajuda do grupo do senador José Sarney, conquistar São Luís (14º), única capital governada pelos tucanos.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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