sábado, 5 de maio de 2012

RJ deve R$ 300 mi à Delta, diz o seu novo presidente

Delta afirma que Rio lhe deve R$ 300 mi

Carlos Verdini, que substituiu Cavendish, atribui as dificuldades da empreiteira a problemas de caixa do governo

Executivo diz que a construtora mantém R$ 4,7 bi em contratos e que não é "empresa de fundo de quintal"

Claudia Antunes

RIO - A Delta não está falida. Tem R$ 4,7 bilhões em contratos em execução e R$ 450 milhões a receber de obras já concluídas, dos quais cerca de R$ 300 milhões deveriam ter sido pagos em abril pelo governo do Estado do Rio.

É o que afirma Carlos Alberto Verdini, que substituiu Fernando Cavendish na presidência do Conselho de Administração da construtora, investigada pela Polícia Federal por suposta relação ilícita com Carlos Cachoeira.

"Não é questão de atraso [do Rio]. Acho que é problema de caixa do governo", disse Verdini, 65, à Folha.

Segundo ele, a Delta não ganhou nada "de mão beijada" com a amizade entre Cavendish e o governador Sérgio Cabral (PMDB) e é a "terceira ou quarta" empreiteira em contratos no Estado.

A assessoria do governo do Rio disse que precisa de tempo para levantar valores devidos à Delta e o ranking dos pagamentos a construtoras.

No Estado, a Delta deixará as obras do Maracanã e da via expressa Transcarioca, mas Verdini disse que segue executando todos os demais 200 contratos, 130 com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

A empresa não seria facilmente substituída: "Em muitas obras teria de ser feita nova licitação, com preços mais caros. O processo é demorado, o prejuízo seria grande. E quero saber como fica a responsabilidade social. Quem vai assumir o ônus de pôr 30 mil funcionários na rua?"

Ele disse que a GMW foi contratada para uma auditoria na Delta e que o resultado das investigações "já vai ser um passo" para melhorar a imagem da empreiteira.

"Não somos uma empresa de fundo de quintal. Estamos cumprindo nossas obrigações, e esperamos que cada cliente cumpra a sua e nos pague quando a fatura chegar."

Na Delta há nove anos, Verdini atuou 13 anos na Queiroz Galvão e 14 na Camargo Corrêa. Não comentou a possibilidade de venda da empresa: "Não é decisão minha".

Disse que foi "surpresa total" a relação do diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, com Cachoeira, e que não conhece Cachoeira nem o senador Demóstenes Torres, apontados pela PF como sócios ocultos da Delta.

A Delta se expandiu para 25 Estados a partir de obras para o Dnit. Segundo Verdini, os aditivos nos contratos do órgão federal se deveram a vícios de origem: "Anunciaram que a partir de agora só haverá licitações a partir de projetos executivos. Antes eram projetos básicos. Ao executá-los, você se depara com serviços não previstos".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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