sábado, 16 de junho de 2012

CPI discute afastar membros

Os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) defenderam ontem o afastamento dos parlamentares da CPI do caso Cachoeira que se encontraram com Fernando Cavendish, dono da Delta, em Paris.

CPI discute saída de amigos de Cavendish

Permanência de parlamentares que estiveram com ex-presidente da Delta em Paris é questionada

Chico de Gois

BRASÍLIA - Depois que veio a público a informação de que parlamentares que integram a CPI do Cachoeira se encontraram com Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, em Paris, na Semana Santa, num almoço em um sofisticado restaurante na Avenida Montaigne, membros da comissão passaram a defender que eles se afastem das investigações. Além do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e do deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL), também esteve no almoço a mulher do senador, a deputada Iracema Portela (PP-PI), que é suplente na CPI e tem direito a voz e a voto. Ontem, Lessa distribuiu nota dizendo que não conhecia Cavendish e que apenas Nogueira foi cumprimentá-lo.

Ida de empresário ganha força

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) afirmou que é incompatível a permanência deles na CPI.

- Isso dá margem ao afastamento, porque é incompatível um membro da comissão ter um relacionamento próximo ao investigado - declarou, observando, porém, que o regimento do Congresso não é taxativo sobre o assunto: - Lamentavelmente, o regimento comum é muito aberto sobre isso.

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), avaliou que a CPI está "sob orientação política suspeita". Ele defendeu que os parlamentares peçam o afastamento das investigações e que a CPI recupere seu foco.

- É preciso recolocar a CPI nos trilhos da investigação para valer, valorizando o essencial, que é o desvio do dinheiro público, por meio das operações da Delta tendo Cachoeira como principal traficante de influência - afirmou.

Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que anteontem causou uma confusão na CPI quando disse que era preciso investigar a "tropa do cheque" na comissão, a revelação de que parlamentares se encontraram com Cavendish em Paris poderá ajudar na aprovação do requerimento que convoca o empresário a prestar depoimento.

Anteontem, a requisição foi derrotada por 16 votos a 13. Foi Miro quem disse que havia informações de que parlamentares haviam se encontrado com o empreiteiro depois de uma viagem à África. Entre os dias 30 de março e 5 de abril, eles participaram da 126 Assembleia Geral da União Interparlamentar, em Kampala, Uganda.

- Isso tem que ser tratado com delicadeza, porque pode ensejar a convocação do Cavendish. A pequena diferença na votação está superada com o conhecimento deste fato - afirmou o deputado.

Lessa informou, em nota, que não conhece Cavendish e que sua postura na CPI tem "sido firme e independente em relação a qualquer investigado". Ele observou que foi um dos autores do requerimento da convocação de Cavendish e declarou que não estava na sessão de anteontem porque acompanhava o governador Teotônio Vilela, de Alagoas, em um evento no Estado contra o crime.

FONTE: O GLOBO

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