domingo, 17 de junho de 2012

Em Recife, Humberto lidera pesquisa

Entrada do senador na disputa do Recife mudou o cenário de intenções de voto, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. Amostragem ouviu 816 eleitores uma semana depois da escolha do candidato pela direção do PT.

Humberto provocou a divisão", diz prefeito

Frente rachada

João da Costa não baixa a guarda e avalia que a entrada do senador na disputa, numa "imposição" da cúpula, fez o PSB preparar uma candidatura, isolando o PT

Débora Duque

Nem o acirramento da crise na Frente Popular e o risco do PT terminar isolado na eleição do Recife foram suficientes para o prefeito João da Costa (PT) baixar a guarda. Sem demonstrar qualquer sinal de recuo, o prefeito se reuniu, ontem, com militantes no auditório do Centro Social da Soledade, Boa Vista, e debitou na "conta" do senador Humberto Costa (PT) o risco de haver um racha na aliança governista com o possível lançamento de uma candidatura do PSB – Danilo Cabral ou Geraldo Júlio. Também ontem, Humberto teve um encontro fechado com militantes, mas, em tom diplomático, evitou confronto com o PSB e com João da Costa, preferindo insistir no discurso da unidade (leia na página 14).

Ao contrário do correligionário, João da Costa não amenizou. Ele foi enfático no discurso aos militantes que o apoiam, ao afirmar que a homologação da candidatura de Humberto só fez aprofundar o desgaste do PT. Insistiu que o senador não conseguiu unir a Frente, ao contrário do que previa a cúpula do PT, e que todas as dificuldades políticas que, segundo ele, serviram como argumento para rifá-lo da disputa cruzam, hoje, o caminho de Humberto Costa.

"A alternativa não resolveu. Pelo contrário, piorou. Aprofundou a divisão do partido, fez com que o PSB do governador Eduardo Campos apresentasse uma proposta de candidatura e com que todos os partidos que estão no meu governo sinalizassem apoiar o candidato da Frente", bradou João da Costa, ovacionado pela claque.

Em mais um indicativo de que não está disposto a ceder em favor de Humberto, o prefeito distribuiu um abaixo-assinado para reforçar o recurso que será julgado pelo Diretório nacional no dia 25, contra a decisão da Executiva que barrou seu candidatura. O objetivo é colher sete mil assinaturas e mostrar à cúpula que seu nome tem "legitimidade" no partido. Ele enfatizou que, enquanto seu recurso não for avaliado pelo comando, "o PT não terá candidato oficial". "Não se constrói a unidade com imposição. O que começa errado, dificilmente acaba certo. A não ser que no caminho se faça uma autocrítica", disparou.

Ele fez questão de frisar, porém, que sua "insistência" não tem como objetivo agravar a sangria do partido, mas mostrar que seu nome é capaz de unir não só o PT como toda a Frente. "Nós não podemos nos responsabilizar pela situação que o PT está vivendo. Eu não assumo essa carapuça. Agora, isso não quero dizer que a gente aposte na divisão do PT. A gente não quer dividir o PT e favorecer os outros".

Os aliados que discursaram antes do prefeito reforçaram a linha de vitimização e os ataques à cúpula do partido. Também evitaram criticar diretamente o governador Eduardo Campos (PSB) por conta da "cartada" socialista. "Não podemos estranhar o movimento do governador Eduardo Campos. Ele está no papel dele. O que não podemos é facilitar a vida de alguém que quer levar o PT para o segundo time", afirmou o deputado federal Fernando Ferro (PT).

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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