segunda-feira, 18 de junho de 2012

Em Recife, PT não abre e encara briga com Eduardo

PT considera “inegociável” ceder a cabeça da chapa ao PSB e adverte o governador. João Paulo é lembrado para possível chapa “puro-sangue”, mas sofre ataque no próprio PT

Débora Duque

O indicativo de que o governador Eduardo Campos deve mesmo apadrinhar um candidato do PSB à Prefeitura do Recife não abalou a determinação do PT de encabeçar uma chapa, mesmo que isoladamente, na disputa municipal. A ordem é não recuar e convencer os socialistas de que o distanciamento dos dois partidos, nesta eleição, poderá ser prejudicial ao governador nos seus dois últimos anos de mandato. De maneira cautelosa e não menos taxativa, o recado foi dado no fim de semana pela cúpula petista. No sábado (16), o senador Humberto Costa avisou claramente que o partido não aceita a possibilidade de ocupar a vice do PSB (leia matéria sobre o forró de João Lyra). E, ontem, o presidente estadual do PT, deputado federal Pedro Eugênio reforçou o alerta.

Ao JC, Pedro Eugênio deixou claro que o partido não enxergará com “normalidade” a decisão socialista de trilhar rumo separado do PT na capital. Portanto, o lançamento de uma candidatura do PSB significará, na ótica petista, o rompimento da Frente Popular. “Uma candidatura do PSB nas atuais circunstâncias significa que a Frente deixará de existir. Não é algo que vá ser encarado como uma coisa normal do partido. E dividir a Frente é uma coisa complicada. Prejudica essa eleição e a futura”, alertou.

De acordo com Pedro Eugênio, o partido está disposto a buscar a unidade da aliança que sustenta, hoje, o Executivo estadual e municipal, mas que a hipótese do PT ceder sua vaga na cabeça de chapa, como chegaram a propor lideranças do PSB, é “inegociável”. “Achamos importantíssimo a preservação da Frente. Vamos fazer todo o esforço possível. O que não é negociável é deixarmos de encabeçar essa chapa, tendo em vista que estamos à frente da Prefeitura há 12 anos”.

O petista também evitou comentar rumores que apontam a presença do deputado federal João Paulo numa eventual chapa “puro-sangue” do PT. O dirigente prefere ainda acreditar que a legenda pode garantir o apoio dos demais partidos da Frente, mas sinalizou que a possibilidade de convocar o ex-prefeito para ocupar o posto de vice, por exemplo, não está descartada. “Essa coisa de chapa puro-sangue é só especulação. Mas, se acontecer, vamos contar com nossos quadros de maior densidade eleitoral e expressão política para enfrentar esse desafio, não tenha dúvidas”, avisou.

Eugênio também respondeu às últimas declarações do prefeito João da Costa (PT). No sábado (16), o gestor promoveu uma plenária com militantes e responsabilizou Humberto Costa pelo risco de haver um racha com o PSB e toda a Frente. “Os problemas políticos surgiram muito antes da homologação de Humberto”, resumiu o presidente. Também no sábado, Humberto realizou um encontro fechado com correligionários (entre eles, o próprio Pedro Eugênio, além de João Paulo), no qual afirmou ainda acreditar na união do PT e informou que iria conversar com todos os partidos.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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