sexta-feira, 29 de junho de 2012

Impasse continua em Belo Monte, após reunião

Índios permanecem acampados à espera de nova rodada de negociação. Operários voltam ao trabalho, diz empresa

BRASÍLIA. Após a primeira reunião de negociação entre o presidente da Norte Energia, Carlos Nascimento, e os líderes indígenas da região, realizada ontem em Altamira, no Pará, os cerca de 200 índios das etnias arara, xicrin e juruna decidiram permanecer acampados na Ilha Marciana, área anexa ao Sítio Pimental. As conversações teriam, no entanto, garantido a volta ao trabalho dos operários da usina hidrelétrica de Belo Monte, segundo a empresa.

Os índios vão aguardar a nova rodada de negociações no próximo dia 9, quando a empresa deverá responder às reivindicações apresentadas pelo grupo. Os representantes da Funai também participaram da reunião, que foi realizada na sede da Norte Energia, em Altamira.

O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) tentou junto à Justiça, no fim de semana passado, uma liminar para que os indígenas desocupassem a usina. Os empresários entraram com uma liminar com pedido de reintegração de posse, mas a solicitação foi negada. A juíza federal substituta Priscilla Pinto de Azevedo determinou que a Norte Energia encontrasse uma saída negociada, com a participação da Funai.

Índios cobram cumprimento de condições

A maior parte das reivindicações dos indígenas diz respeito, principalmente, ao cumprimento de condições para a construção da usina, determinadas quando as licenças prévia e depois a de instalação foram concedidas, para que as obras de fato começassem. Entre elas estão a demarcação de terras indígenas, a construção de estradas asfaltadas até as aldeias, em substituição as vias fluviais que não podem mais ser utilizadas por causa do desvio do Rio Xingu, que irá secar com hidrelétrica.

Os índios querem também a distribuição de suprimentos para as aldeias afetadas. E indenizações aos indígenas pela perda de suas terras. Outra reclamação é de que existe uma demora na implementação no Plano Básico Ambiental (PBA) na parte que se refere as áreas indígenas. Eles cobram também a instalação do hospital em Altamira para os indígenas. E, ainda, a capacitação do índios como agentes de saúde e professores de escolas.

Infraestrutura para as aldeias também são reivindicadas, como casas de alvenaria com banheiro interno e telha; energia, nas condições do programa "Luz para Todos"; escolas equipadas com computador, internet e curso até o ensino médio; atendimento à saúde e quando for necessário, ambulância.

Os índios também pediram a instalação de orelhões e torres de celular. Outro item que consta da lista de reivindicações de algumas das aldeias é a instalação de postos de saúde. Eles pedem ainda veículos de trabalho para circular entre as aldeias e se deslocar até Altamira.

Os xikrins querem apoio para a criação, instalação e funcionamento da Associação Bebô Xinkrin do Bacajá (ABEx). As instalações, reivindicam os índios, deverão contar com energia e telefone, além de ser montado um escritório de apoio.

FONTE: O GLOBO

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