sexta-feira, 22 de junho de 2012

O ocaso de Lula :: Roberto Freire

Durante muito tempo, o PT buscou aparecer como um partido comprometido com as necessárias mudanças estruturais que o país precisava para se desenvolver de forma sustentada, além do célebre discurso ético.

Contudo, desde seu primeiro mandato, o governo Lula mostrou a que veio. A política econômica do governo FHC foi mantida. As políticas sociais foram apropriadas, mas transformadas em mero assistencialismo para cabalar votos para o neocoronelismo. Na política, Lula aliou-se a figuras antes renegadas pelo PT como Renan Calheiros e Sarney e, mais recentemente, Collor.

A denúncia do "mensalão", que será julgado no próximo mês pelo STF, como feita pelo então procurador-geral da República Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, desnudou a forma não republicana de constituição de uma "maioria" comprada com o desvio do dinheiro público e que, até hoje, causa perplexidade e desconforto entre os militantes do PT que ainda acreditavam em mudanças verdadeiras. Mas, durante todo esse período, o PT gostava de mostrar-se como uma organização democrática associada às organizações sociais.

Esse "charme democrático" levou a primeira bordoada quando o Diretório Nacional interveio no Diretório do Rio de Janeiro e forçou uma composição com "Garotinho", então candidato ao governo pelo PMDB. Desde então, Diretórios Estaduais sofreram "intervenções", sendo uma das mais notórias a havida no Maranhão em 2010, quando foram obrigados a comporem com Roseana Sarney, até a mais recente anulação das prévias no Recife, quando o candidato lulista foi derrotado.

No entanto, nada se parece com o que está acontecendo agora, em São Paulo, quando Lula atuou por cima da estrutura partidária e por "dedaço" definiu como candidato a prefeito Fernando Haddad.

Não contente em preterir a senadora Marta Suplicy, Lula envolveu-se pessoalmente para atrair Maluf, inimigo histórico das forças democráticas no país, para apoiar seu obscuro candidato.

Esse gesto foi a gota d"água para afastar a anunciada candidata a vice, Erundina do PSB.

Essa movimentação de Lula resulta de sua necessidade de ser sempre o protagonista, como demonstrado no nebuloso caso em que procurou influir no próprio Supremo Tribunal Federal (STF), tentando impedir o início do julgamento do mensalão e em seu empenho em atingir o seu desafeto, governador Marconi Perillo de Goiás com a "CPI de Cachoeira".

Ao menos a CPI desnudou o sistema de desvio de dinheiro público pela construtora Delta, que cresceu de forma assombrosa com obras do PAC em seu governo sob a coordenação da presidente Dilma, então chefe da Casa Civil.

Para garantir o apoio de Paulo Maluf e do PP, Lula contou com o auxílio luxuoso da presidente Dilma, que franqueou no Ministério das Cidades o controle da política nacional de saneamento aos partidários de Maluf.

Depois de dois mandatos presidenciais, Lula consome seu partido e transforma seus pretensos aliados em cúmplices de suas armações ilimitadas, sempre contra o espírito republicano e democrático.

Deputado federal (SP), presidente nacional do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

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