terça-feira, 12 de junho de 2012

PIB este ano será menor que em 2011, diz mercado

Analistas também veem 2013 mais fraco. Mesmo com agravamento da crise, governo não tomará novas medidas por enquanto

Gabriela Valente

BRASÍLIA. O pessimismo em relação ao crescimento do Brasil é crescente. Os analistas do mercado financeiro revisaram mais uma vez para baixo as projeções para a economia, prevendo, pela primeira vez, taxa abaixo da registrada em 2011, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,7%. Apesar das medidas tomadas pelo governo para incentivar a indústria e impulsionar a atividade, os economistas diminuíram a projeção para o PIB deste ano de 2,72% para 2,53%. De acordo com a pesquisa semanal que o Banco Central (BC) faz com as instituições financeiras, essa foi a quinta semana seguida de baixa nas expectativas.

- A dúvida é se as políticas de governo terão resultado. A preocupação é o fato de não haver mais espaço para incentivos porque as famílias estão muito endividadas - disse o professor Mauro Rochlin, do Ibmec.

O analista considera que a estimativa do mercado é reflexo de um primeiro trimestre medíocre. O país só cresceu 0,2% nos três primeiros meses de 2012. E para deprimir ainda mais as expectativas, existe um "quase pânico" com a crise na Europa, observa. No entanto, ele acredita que ainda há possibilidade de as famílias responderem aos incentivos do governo e a União aumentar os investimentos, que não foram bem no início do ano.

A pesquisa do BC mostra que o pessimismo aumentou também em relação ao ano que vem: a estimativa de crescimento caiu de 4,5% para 4,3% em 2013.

Os analistas ouvidos pelo BC diminuíram a previsão para a inflação, de 5,15% para 5,03% em 2012. Ainda acima do centro da meta de inflação de 4,5%, mas dentro da margem de tolerância de dois pontos percentuais.

Mesmo com o recrudescimento da crise na Europa, a ordem dentro do governo brasileiro é evitar medidas precipitadas para "não queimar cartucho desnecessariamente". O Executivo pretende esperar o que considera os dois grandes eventos para as economias europeias este mês - eleições na Grécia e reunião da União Europeia - e só depois decidir que novos passos deverá adotar para amortecer os efeitos da turbulência no Brasil. Por ora, a avaliação no governo é que a situação ainda não requer medidas imediatas, e a volatilidade no mercado internacional impede que se tenha a total clareza do cenário externo.

Eleição na Grécia não assusta governo

A eleição na Grécia, no próximo domingo, já foi embutida nas projeções, na avaliação da equipe econômica. O segundo grande momento é a reunião semestral da UE, prevista para acontecer em Bruxelas nos próximos dias 28 e 29 de junho, por conta da possibilidade de saída da Grécia da zona do euro. Antes disso, a presidente Dilma Rousseff terá a oportunidade de conversar pessoalmente com líderes das principais economias afetadas, durante a reunião do G-20 no fim desta semana no México.

Uma das reuniões bilaterais previstas é com a chanceler alemã Angela Merkel. Na mesma ocasião, o ministro Mantega também deverá se reunir com seus pares e, a partir daí, montar o novo diagnóstico da situação.

FONTE: O GLOBO

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