segunda-feira, 9 de julho de 2012

Banco triplicou de tamanho em dez anos

Raquel Ladim

Nos últimos 15 anos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mais do que triplicou de tamanho. Os bilhões de reais injetados pelo banco estatal na economia, no entanto, não conseguiram elevar os investimentos para um nível capaz de garantir o crescimento sustentável do País.

Em 1995, o BNDES concedeu R$ 7,1 bilhões em financiamentos, o equivalente a 1% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2010, esse valor atingiu o recorde de R$ 168 bilhões, ou 4,5% do PIB. No ano passado, recuou para R$ 139 bilhões, ou 3,4% do PIB.

No mesmo período, a taxa de investimento, que estava em 18% em 1995, caiu para 15% em 2003 e atingiu para 19,3% no ano passado. Em todo esse período, não conseguiu ultrapassar a barreira de 20% e se aproximar dos 25% que os especialistas consideram necessário para o País crescer sem gerar inflação.

O diretor do instituto de Economia da Unicamp, Fernando Sarti, acredita que a importância do BNDES nos investimentos é crescente, mas ressalta que o banco não financia apenas aumento de capacidade produtiva, mas também exportação, aquisição de empresas e inovação. "A inovação também é investimento, mas não é tangível", diz Sarti.

Para Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o BNDES ganha espaço quando a economia brasileira patina e outras fontes de financiamento secam. "Quando há crise, o BNDES não consegue estimular o investimento, mas apenas mantê-lo."

O professor do Insper, Sérgio Lazzarini, tem uma visão diferente. Ele acredita que a atuação do BNDES inibe o mercado privado de crédito de longo prazo, porque pega o "filé mignon", que são os projetos das grandes empresas, que têm menor risco. Ele acredita que essas companhias não deixariam de investir se faltassem recursos públicos. "Se o reduzir o BNDES pela metade, não vai ter impacto na taxa de investimento."

Giro. O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mansueto de Almeida, acredita que um dos motivos para a taxa de investimento não deslanchar é que uma parte dos recursos do BNDES é direcionada para financiar o capital de giro das empresas e não para o investimento.

Em nota enviada ao Estado, o BNDES sustenta que a taxa de investimentos vem crescendo nos últimos anos e só recuou recentemente em função da crise internacional. "O banco contribuiu tanto para a expansão do indicador quanto para evitar que caísse mais em função da crise", diz a nota. O BNDES ressalta ainda que o banco contribuiu para que a participação de máquinas e equipamentos na formação brutal de capital fixo (FBCF) do País crescesse de 42% para 53% nos últimos 10 anos. A FBCF é formada pela compra de máquinas e pela construção civil.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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