segunda-feira, 2 de julho de 2012

Crise entre PT e PSB se agrava

Caciques dos dois partidos tentam contornar nova briga regional entre as siglas, que, após romperem a aliança em São Paulo, no Recife e em Fortaleza, repetem os problemas em Belo Horizonte, onde petistas decidiram lançar candidato próprio no sábado

Paulo de Tarso Lyra

Belo Horizonte transformou-se no mais novo capítulo da guerra travada por PT e PSB nas eleições municipais. A aliança dos dois partidos em torno da reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB), considerada certa até o meio-dia de sábado, foi rompida após a decisão do PT de lançar candidatura própria. Os petistas apresentaram o nome do atual vice-prefeito, Roberto Carvalho, como candidato, mas especula-se que o nome poderá ser mudado pelo ex-ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias — o que pode ser feito até o dia 10.

A divergência entre os dois partidos começou porque o PSB desistiu de ceder espaço para o PT nas coligações proporcionais — chapas de vereadores. Os pessebistas alegam que já haviam cedido ao PT a vaga de vice na chapa e que, pela tradição eleitoral, cabe ao principal partido da coligação definir se pretende ou não compor alianças nas demais vagas em disputa. "Eles estavam com um documento assinado, dizendo que fariam a coligação e, na última hora, desistiram", protestou o secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi.

O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, demonstrou extrema preocupação com a crise em Belo Horizonte, que se soma aos problemas de Recife e Fortaleza. Tão logo soube da decisão do PT mineiro, ele ligou para o presidente da sigla, Rui Falcão, pedindo que "segurasse os xiitas do partido". Ontem, garantiu que, para a direção nacional do PSB, o assunto é prioridade: "É essencial a manutenção da aliança com o PT em Belo Horizonte", completou.

O PSB encaminhou para Belo Horizonte o secretário-geral do partido, Carlos Siqueira, na tentativa de buscar uma composição. Os petistas só admitem conversar se os pessebistas voltarem atrás na decisão de não realizar alianças proporcionais na capital mineira. Paulo Frateschi nega que o assunto possa ser examinado pelo Diretório Nacional, a exemplo do que aconteceu na mesma cidade nas eleições de 2008. "É um assunto que será tratado no âmbito local", assegurou.

Desentendimentos

A disputa municipal dinamitou a relação entre PT e PSB. "O Eduardo Campos (presidente do PSB e governador de Pernambuco) quer se projetar e tem todo o direito. Mas não vamos ficar assistindo a isso de braços cruzados", afirmou um integrante da cúpula do PT. As duas legendas já haviam se desentendido em Recife e Fortaleza, capitais onde sempre tiveram alianças históricas mas em que estarão em polos opostos em outubro deste ano.

Em Fortaleza, a prefeita Luzianne Lins (PT) bateu o pé e lançou o nome do ex-secretário municipal de educação, Elmano de Freitas (PT). O nome desagradou o governador Cid Gomes (PSB) e este decidiu apoiar a candidatura do presidente da Assembleia Estadual, deputado Roberto Cláudio (PSB).

Recife, contudo, tornou-se o caso mais emblemático. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que o "PT não tinha mais condições de conduzir um processo de aliança das forças progressistas" e lançou o nome do ex-secretário de desenvolvimento econômico Geraldo Júlio, com apoio de diversos partidos, inclusive a legenda de um antigo desafeto, o PMDB de Jarbas Vasconcelos.

Isolado, o PT resolveu fazer uma chapa puro-sangue e, na noite de sexta-feira, anunciou que o deputado João Paulo seria o vice na chapa do senador Humberto Costa. "Meu Deus, complicou", assustou-se um integrante da cúpula do PSB. João Paulo foi um dos prefeitos mais bem avaliados da história de Recife e o petista com mais votos na capital pernambucana.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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