terça-feira, 3 de julho de 2012

De olho em 2014, PSB abandona aliança com PT em quatro capitais

Partido de Eduardo Campos aumenta muito o número de candidatos próprios

Gustavo Uribe, Sérgio Roxo

SÃO PAULO . Apesar dos sorrisos nas fotografias do encontro da semana passada entre o ex-presidente Lula e o presidente do PSB, Eduardo Campos, governador de Pernambuco, o PSB vai mesmo reduzir nas eleições municipais o apoio a candidatos do PT nas capitais. Os socialistas vão se aliar a candidaturas petistas em apenas cinco cidades. Tinham sido nove alianças na disputa anterior, em 2008.

Com a estratégia de deixar de ser um ator coadjuvante, o PSB aumentará em 57% o número de candidaturas próprias, passando de sete para 11. O PT, por sua vez, vai diminuir o total de candidatos próprios nas capitais do país: de 19, em 2008, para 17, em 2012 . Os partidos têm até quinta-feira para registrar candidaturas e o quadro pode mudar.

- O PSB procura o que é essencial em um partido: garantir presença nos municípios de forma autônoma. É clara a estratégia de viabilizar uma autonomia em relação aos seus aliados, principalmente o PT - avaliou o professor de Filosofia Política Roberto Romano, da Unicamp.

PSD vai apoiar candidatos do PSB em cinco capitais

Os petistas apoiarão chapas com candidatos do PSB em apenas duas cidades, contra três na eleição passada. Os dois partidos estarão juntos em outras três capitais, mas apoiando candidatos de outras legendas: PR (Palmas), PRB (Boa Vista) e PMDB (Rio). Ao todo, PT e PSB estarão juntos em dez capitais, contra 13 da eleição passada. Em duas cidades em que terão candidaturas próprias, os socialistas romperam acordo com o PT.

Em Fortaleza, o PSB se recusou a apoiar Elmano de Freitas, indicado pela prefeita petista Luizianne Lins, e lançou Roberto Cláudio. Em Recife, o PSB lançou Geraldo Júlio, ex-secretário de Eduardo Campos. Em Belo Horizonte, foi o PT que desistiu, na última hora, de apoiar a candidatura à reeleição de Márcio Lacerda (PSB).

O cientista político Cláudio Couto, professor da FGV, diz que a tentativa dos socialistas de "deixarem de ser satélites" do PT tem como plano de fundo um projeto de candidatura presidencial. O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, admite que a sigla almeja uma candidatura a presidente no futuro, mas afirma que, em 2014, o PSB continuará aliado ao PT e apoiará Dilma, se ela disputar a reeleição.

- Quando tivermos condições, teremos candidatura a presidente - disse Amaral.

O PSD, criado no ano passado, apoiará o PSB em cinco das 11 capitais onde os socialistas lançarão candidatos próprios. As duas legendas discutem a formação de um bloco único para atuação no Congresso. Em sua primeira eleição, o PSD lançará nomes próprios em Florianópolis e Cuiabá. Em São Paulo, Belém e Porto Velho, vai apoiar o PSDB, enquanto em Salvador e Aracaju se aliará ao PT. Em Florianópolis, o PSD terá o apoio do DEM, sigla da qual é dissidente.

O PMDB vai reduzir o número de candidaturas nas capitais de 13 para 12. O PSDB, com foco nas eleições de 2014, vai elevar este ano em 63%, de 11 para 18, o número de candidatos próprios. Em nome da aliança com o DEM, o partido abrirá mão de candidaturas em Macapá, Salvador e Aracaju.

- A gente começa 2014 agora em 2012, nas eleições municipais, que influenciam na bancada do partido no Congresso - disse o secretário-geral do PSDB, Rodrigo de Castro.

O DEM vai encolher na disputa eleitoral, sobretudo nas capitais. Em 2008, lançou candidatos próprios em 12, e agora não deve passar de 8.

FONTE: O GLOBO

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