sexta-feira, 6 de julho de 2012

Dilma articula nas capitais alianças para 2014

Raymundo Costa

BRASÍLIA - A coligação eleitoral PT-PMDB em Belo Horizonte (MG) foi costurada pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff, em reunião no Palácio da Alvorada. No encontro, do qual participaram o vice-presidente Michel Temer, o presidente do PT, Rui Falcão e o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Dilma destacou o PMDB como "aliado preferencial", inclusive para as eleições de 2014.

Inicialmente, afirmava-se que Dilma restringiria sua participação na campanha. Mas ela teve participação ativa em várias negociações de alianças, antes das convenções, especialmente nos maiores colégios eleitorais, decisivos para sua reeleição. Dilma participou pessoalmente das negociações nas cidades de São Paulo, Salvador e Belo Horizonte.

No último acerto, o de Belo Horizonte, Dilma chamou Temer para uma reunião na noite de segunda-feira, no Palácio da Alvorada. O vice estava em São Paulo. Quando chegou, Temer já encontrou Falcão e Pimentel.

Dilma disse que seria importante reeditar em Belo Horizonte a aliança nacional, que voltou a chamar de "preferencial", sugerindo que a coligação será mantida para as eleições de 2014. Não se discutiu ministérios, mas ficou no ar, segundo o PMDB, "uma vaga promessa de mais espaço, no governo federal, para o PMDB de Minas Gerais".

A proposta de Dilma surgiu na esteira do rompimento da aliança entre o PSB e o PT, por iniciativa do integrantes do PSB e o aval do senador Aécio Neves (PSDB) e do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Temer, Falcão e Pimentel não tiveram dificuldades para, já na terça-feira, montar a nova chapa com Patrus Ananias (PT) e Aloisio Vasconcelos (PMDB).

Tanto Aécio como Eduardo Campos têm projeto presidencial. Campos, em princípio, para 2018. No momento ele tenta fortalecer o PSB para entrar na mesa de negociações, já em 2014, com mais substância eleitoral. Além de Belo Horizonte, o PSB separou-se do PT em Fortaleza e Pernambuco, onde os dois partidos disputarão com candidato próprio as prefeituras das capitais do Ceará e Pernambuco.

Cargos também permearam as negociações em Salvador e São Paulo. Na capital da Bahia, o ex-deputado Nelson Pellegrino será o candidato do PT numa coligação de 14 partidos. Entre eles, o PR do ex-senador César Borges, que chegou a se lançar pré-candidato a prefeito, mas aderiu a Pellegrino depois de ser nomeado vice-presidente de governo do Banco do Brasil, com a autorização da presidente.

A eleição de Salvador é considerada estratégica pelo PT: até agora, é a única grande capital onde o partido aparece com chances efetivas de ganhar (agora tem Belo Horizonte, cidade que já foi governada por Patrus Ananias, que deixou o cargo bem avaliado). A vitória em Salvador contém o avanço de Eduardo Campos pelo Nordeste e fortalece o governador Jaques Wagner, uma das opções do PT para a eleição presidencial de 2018.

A nomeação do ex-senador César Borges para o BB, além de assegurar o apoio do PR a Pellegrino, tem um bônus a mais: a recolocação do PR no governo federal, do qual o partido estava afastado desde a demissão do senador Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes - cargo, aliás, cobiçado pelo PMDB depois do acordo mineiro.

A negociação de São Paulo é a mais conhecida: para assegurar o tempo de televisão do PP para seu candidato, Fernando Haddad, o PT negociou o apoio do deputado Paulo Maluf, tendo como moeda de troca a Secretaria Nacional de Saneamento, que passou a ser ocupada por uma indicação pessoal. Antes, a secretaria era comandada por um nome indicado pela bancada do PP.

Em uma conversa anterior com o vice-presidente, Dilma já chamara a atenção de Temer para a movimentação de Eduardo Campos, o que boa parte do PMDB entendeu como uma ameaça de a presidente trocar o PMDB por Eduardo, em 2014.

Apesar de ter comparecido a solenidades de candidatos da aliança às eleições de outubro, a intenção de Dilma é se resguardar no primeiro turno, o que está sendo difícil. As pressões sobre a presidente aumentaram por causa da impossibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participar com intensidade da campanha, como planejado.

A ideia era que Dilma entrasse com mais desenvoltura no segundo turno, projeto que está sendo atrapalhado pela convalescênça de Lula. A prioridade da presidente e do antecessor é jogar Fernando Haddad no segundo turno da eleição da cidade de São Paulo. Daí a proliferação de candidaturas aliadas. A avaliação é que, se houver a segunda rodada, os aliados todos se unirão contra o tucano José Serra.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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