domingo, 22 de julho de 2012

Dilma ocupa espaços na política eleitoral

Para não ficar a reboque de Lula na definição do cenário para 2014, presidente articula eleição de prefeitos aliados

Maria Lima

BRASÍLIA. Até bem pouco tempo atrás, a presidente Dilma Rousseff deixava os aliados de cabelo em pé por sua falta de apetite para a política eleitoral. Mas desde que os atores das eleições de outubro e de 2014 começaram a se movimentar, ela tratou de se colocar. E vem ocupando cada dia mais espaço para não ficar a reboque do ex-presidente Lula na articulação e montagem do cenário que terá desfecho daqui a dois anos,com sua reeleição ou com a volta de Lula.

Acendeu a luz amarela no Planalto a última pesquisa de opinião pública mostrando que Dilma está muito bem perante a população, mas muito mal com os 14 partidos da base. Aliados dizem que não há conflito entre Dilma e Lula, que eles tocam de ouvido a mesma sinfonia. Mas o que se vê agora é que enquanto Lula toca tuba, atropelando e partindo para cima para se impor, a presidente toca violino, afagando os atropelados pelo ex-presidente.

Aparentemente, Lula e Dilma emitem sinais contrários na discussão e montagem dos palanques para as eleições municipais deste ano. Enquanto ele se estressa com aliados, ela os chama para jantar no Alvorada. Lula morde. Dilma assopra.

É o caso do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que se sentindo atropelado, rompeu as alianças com o PT em Recife, Belo Horizonte e Fortaleza. Outro exemplo é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), que destratado pelo PT, correu para os braços do tucano José Serra, candidato do PSDB na capital paulista, mas encontra amparo na presidente.

Os dois estão cada dia mais próximos do Planalto. Dilma tem recebido Campos e Kassab para jantares e encontros no Planalto. Na última quinta-feira, ela se reuniu por mais de uma hora com Kassab no Planalto. Segunda-feira, recebe a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), a mais nova amiguinha da Casa, e que no momento está em guerra interna com Kassab.

Dilma também tratou de se aproximar do PMDB e, a contragosto, decidiu apoiar o acordo PT/PMDB para eleição do líder do partido, Henrique Eduardo Alves (RN), como presidente da Câmara em fevereiro. Na avaliação de líderes governistas no Congresso, Dilma não atropela Lula. Pode até não gostar quando ele fala em voltar em 2014. Mas conversa com ele e juntos assumem todas as decisões políticas.

Para não deixar apenas Lula ser o procurado por todos quando o assunto é eleição, a presidente começou a fazer política, reunir grupos e tomar decisões. Foi dela, por exemplo, a ideia de convencer o senador Wellington Dias (PT-PI) a largar o Senado para disputar a eleição para prefeito de Teresina. Lula depois reforçou. Dilma aposta na eleição de prefeitos aliados nas capitais já pensando em 2014.

- Maluf foi ela quem acionou. O ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades) foi a Campos do Jordão a pedido dela para discutirem Campina Grande (PB). Belo Horizonte também foi tudo articulação dela. Ou seja, ela tem de ser a líder na economia, na administração e na política para reduzir a liderança de Lula, ou pelo menos dividir com ele essa liderança. Do contrário, a romaria a Lula só iria crescer e ela perderia espaço - diz um cacique peemedebista.

FONTE: O GLOBO

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