terça-feira, 3 de julho de 2012

Eleições:começo de jogo:: Fernando Gabeira

Com as convenções da semana passada, começa o processo eleitoral de 2012, com grandes consequências para as cidades brasileiras.

Tradicionalmente, as eleições municipais costumam empolgar mais porque envolvem problemas do nosso cotidiano.

Elas mobilizam vizinhos, inspiram reuniões em casa e revelam, de vez em quando, novos talentos políticos.

No caso do Rio de Janeiro, o processo eleitoral começa depois da Rio+20, realizada em junho.

As presidenciais costumam ser retardadas pela Copa do Mundo como argumento de que ninguém tem cabeça para eleições enquanto não se decide quem é o campeão.

O Rio está se preparando para Copa do Mundo e Olimpíadas. Algumas cidades que foram sede de Olimpíadas conseguiram se reinventar, como é o caso de Barcelona.

Eles tinham um projeto, sabiam onde queriam chegar. O Rio ainda vacila muito. Um dos exemplos dessa vacilação foi a licença para a CSA, em Santa Cruz, que ampliou em muito as emissões de gases poluentes.

Todos os candidatos, certamente, terão projetos para o futuro da cidade. A Rio+20 discutiu cidades, mas talvez não com tanta ênfase. A economia criativa é hoje um dos dínamos do crescimento sustentável.

E é nas grandes cidades que moram mais inovadores. Lembro-me que, no passado, nosso sonho ecológico era ir para lugares bucólicos e ainda não explorados, para recomeçar a vida de forma mais harmônica com a natureza.

Hoje compreendemos que era um sonho equivocado. As grandes cidades compactas podem oferecer melhor solução para problemas chaves da sustentabilidade, como o consumo racional de energia.

Vamos esperar os candidatos para ver o que pensam. Será que ainda querem que a cidade cresça para fora? Ou já aceitam a ideia de crescer para dentro, isto é recuperar áreas degradadas, reinventar o seu uso?

Será que o centro de uma grande cidade precisa mesmo ser um cemitério à noite, quando todas as lojas se fecham?

São muitas as perguntas e pouco tempo para um debate profundo. Nas eleições presidenciais é preciso esperar a Copa do Mundo. Mas tanto nelas, como nas municipais, é preciso esperar também o horário gratuito de televisão.

Mas quando o debate vai para a televisão já chega em forma de slogans e imagens idílicas. O ideal seria aproveitar este hiato até setembro para esgotar os grandes temas.

As eleições em São Paulo terão grande cobertura nacional porque colocam em confronto direto dois grandes partidos nascidos lá: PT e PSDB.

O nicho do Rio nessa disputa pela atenção do país pode muito bem ser o choque de ideias sobre a reinvenção da grande cidade.

Todas as duas metrópoles têm gente capaz de fertilizar uma economia criativa. Mas, no caso do Rio, além de criadores há a chance histórica dos grandes eventos.

FONTE: JORNAL METRO-RIO

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