domingo, 1 de julho de 2012

Em Belo Horizonte, PT rompe com PSB e lança Roberto Carvalho

O Partido dos Trabalhadores decidiu por candidatura própria à prefeitura e aclamou o atual vice para enfrentar Marcio Lacerda (PSB). Fim da aliança com petistas deixa Lacerda sem companheiro de chapa e novo nome deve ser indicado pelo PSDB.

PT rompe aliança com Lacerda

Partido não aceita decisão do PSB de sair sozinho na disputa por vagas na Câmara e lança Roberto Carvalho candidato a prefeito. Descontentes esperam uma intervenção nacional

Isabella Souto

Meses depois de negociações e polêmicas, a novela envolvendo PT, PSB e PSDB teve um final inesperado: o fim da aliança que há quatro anos elegeu Marcio Lacerda (PSB) prefeito de Belo Horizonte. No início da noite de ontem – último dia para as convenções partidárias –, a Executiva Municipal do PT aprovou por 11 votos a quatro a indicação do vice-prefeito Roberto Carvalho como candidato do partido. Os tucanos, que também fizeram convenção ontem, comemoraram a decisão e deixaram a ata em aberto para tentar indicar o candidato a vice-prefeito. Para que o quadro mude é discutida a possibilidade de intervenção por parte da direção nacional do PSB para manter a principal reivindicação dos petistas, a coligação proporcional. Do lado do PT, ninguém acredita em interferências.

A reviravolta foi causada por uma carta enviada à convenção petista pelo PSB em que o presidente municipal, João Marcos Lobo, deixou claro que a legenda "decidiu lançar chapa própria para a eleição dos vereadores". Até então, a expectativa – e exigência – do PT para se manter na aliança era a composição na briga pelas 41 cadeiras de vereador. A carta foi lida em uma reunião tensa e marcada pela emoção. Os 11 petistas que votaram pela candidatura própria reclamaram de "traição" por parte do PSB e reafirmaram a necessidade de o PT de Belo Horizonte se impor.

"Quem está rompendo é o PSB, ao nos desrespeitar e descumprir um acordo. Ou nós nos colocamos como partido ou não seremos mais nada", afirmou Carvalho, ao proferir seu voto, sendo fortemente aplaudido. Até então, a convenção marcada para as 17h de ontem serviria apenas para que os cerca de 500 convencionais homologassem o nome de Miguel Correa Jr. como candidato a vice de Lacerda e a aliança com o PSB para a chapa de vereadores. Sem ter o partido do prefeito na coligação, a expectativa do PT era eleger três ou quatro vereadores – contra os atuais sete –, daí a opção por lançar candidato próprio, o que fortalece a legenda e a chapa proporcional.

A Executiva Nacional do PT se esquivou ontem de comentar o resultado final. A reportagem tentou falar por várias vezes com o presidente nacional do PT, deputado estadual em São Paulo Rui Falcão, sobre a possibilidade de intervenção, mas ele não retornou as ligações. A vereadora Neusinha Santos, aliada de Roberto Carvalho, disse que o diretório municipal teve a garantia do comando nacional de que não intervirá. Membro do diretório nacional, Gleber Naime referendou: "A direção nacional acompanhou o compromisso do PSB de fazer a coligação proporcional. Acho que a nacional não vai intervir".

TRAIÇÃO. Logo depois da decisão do PT , o deputado federal Miguel Correa Jr., o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel, o presidente estadual do PT, Reginaldo Lopes – que haviam comparecido à convenção do PSB que confirmou Lacerda –, e outras lideranças favoráveis à aliança com os socialistas se reuniram. Eles teriam recebido a garantia do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, de que será revista a decisão da legenda na capital, de forma a assegurar o acordo em torno da proporcional. O processo seria conduzido pelo secretário nacional do PSB, Carlos Siqueira, que desembarca hoje à noite em Belo Horizonte.

Caso contrário, o grupo petista que até então defendia a aliança com Marcio Lacerda promete fazer campanha para Roberto Carvalho, até porque também classificaram a atitude dos socialistas como traição. Na ata da convenção realizada ontem ficou em aberto o nome do candidato a vice-prefeito e a chapa de vereadores. Isso porque o PT ainda vai conversar com lideranças do PRB, PC do B e do próprio PMDB, que já oficializou a candidatura a prefeito do deputado federal Leornardo Quintão. O objetivo do PT é repetir em Belo Horizonte a aliança que elegeu Dilma Rousseff (PT) presidente da República e Michel Temer (PMDB) como vice-presidente. Lacerda não foi encontrado para comentar o rompimento do PT.

FONTE: ESTADO DE MINAS

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