sábado, 28 de julho de 2012

Em BH, Aécio dá o tom da campanha

Senador tucano participa de ato pró-Lacerda e, ao defender a reeleição do prefeito de Belo Horizonte, faz críticas às gestões do PT

Daniel Camargos

BELO HORIZONTE — O senador Aécio Neves (PSDB) colocou a cara e, inclusive, cantou e dançou para apoiar a candidatura do seu afilhado político, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB). Em encontro com ambientalistas, ontem, no comitê da campanha, Aécio criticou novamente o PT e fez a defesa do governo de Lacerda. "O PT, sempre que teve que optar entre interesses públicos e do partido, fica com o PT", atacou Aécio. Para o senador, existe uma incoerência no discurso dos adversários, pois há poucos dias os petistas consideravam Lacerda o melhor prefeito do Brasil. "Eles (petistas) terão que explicar a mudança de posição", afirmou.

Aécio liderou a movimentação no palco do comitê de campanha de Lacerda, na Avenida Raja Gabaglia, no Bairro São Bento. Convidou para subir ao tablado o músico Sá (do trio Sá, Rodrix e Guarabyra), que cantou Sobradinho. Na sequência, ambientalistas aderiram à campanha de Lacerda, entre eles o coordenador do projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, companheiro da presidente Dilma Rousseff nos tempos de luta contra a ditadura, quando faziam parte do Comando de Libertação Nacional (Colina), em Belo Horizonte.

Enquanto isso, no mesmo horário, o outro padrinho de Lacerda nas eleições de 2008, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), fazia campanha, mais uma vez, para o principal adversário de Lacerda, o ex-ministro Patrus Ananias (PT). Aécio negou que haja tentativa de nacionalizar a campanha em Belo Horizonte: "2014 só vem depois de 2013, principalmente depois de 2012", filosofou o senador, referindo-se ao pleito para presidente e governador, que acontecerá daqui a dois anos. A eleição na capital mineira é fundamental, pois o nome de Aécio é cotado para concorrer à Presidência da República, e o resultado em Belo Horizonte pode ser um bom termômetro do duelo de forças entre petistas e tucanos.

Nessa sexta-feira, Aécio concentrou os ataques ao PT e relembrou episódios históricos, mostrando mágoa com o partido rival. O senador remeteu à falta de apoio a seu avô Tancredo Neves e também a oposição dos petistas ao Plano Real, criado no governo de Itamar Franco, em 1994. "Todos os ganhos do Brasil nos últimos anos partiram da estabilidade econômica. O PT foi contra, pois preferiu apostar em um projeto de poder", criticou Aécio. Lacerda, entretanto, preferiu não atacar o partido rival na atual campanha, que, aliás, faz parte de seu governo. "O PT tem uma história bonita e mudou a história política do país", afirmou.

O prefeito fez questão de destacar sua participação no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, como secretário executivo do Ministério da Integração Nacional, comandado na época por Ciro Gomes (PSB). "Participei da equipe dirigente do Fome Zero durante um bom tempo", destacou Lacerda. O Fome Zero é uma das principais bandeiras eleitorais do seu adversário, Patrus Ananias, que foi o ministro responsável pelo programa.

Exonerações

Apesar dos elogios, o prefeito não descarta exonerar mais petistas da prefeitura. De acordo com Lacerda, os exonerados participavam de um grupo que atendia mal a população com motivações políticas. "Buscávamos um entendimento político, chamamos a atenção, mas não queríamos radicalizar", explica Lacerda. Com o rompimento, o prefeito entendeu que a exoneração era o caminho. "Essas pessoas não podiam permanecer", afirma. Ao fim do discurso, Lacerda cantou novamente, desta vez sozinho, o jingle da prefeitura de Belo Horizonte: Lugar melhor que BH, da dupla sertaneja César Menotti e Fabiano.

FONTE: ESTADO DE MINAS

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