segunda-feira, 16 de julho de 2012

A Felicidade Nacional Bruta: Fernando Gabeira

Presidente Dilma Rousseff afirmou, no fim da semana, que uma nação não deve ser medida apenas pelo PIB, o Produto Nacional Bruto. Este foi um dos temas discutidos na Rio+20. Será que o PIB exprime bem o que se passa num país? Devemos contar também com o Índice de Desenvolvimento Social, outro indicador importante?

Alguns mais ousados querem introduzir o conceito de felicidade nacional como indicativo de um país. Inspiram-se no Butão, um pequeno país asiático, situado no Himalaia, que abandonou o conceito de PIB pelo da felicidade.

À primeira vista parece exótico, deixar de contar o progresso material e fixar-se nos diversos avanços sociais e na satisfação que o povo tem com os serviços do governo. Alguns teóricos, como Derek Bok, escreveram livros estimulando os governos para uma nova pesquisa sobre o bem estar.

Pesquisas nos EUA não faltam. E Derek Bok cita uma delas, comandada por Richard Easterlin, mostrando que apesar do crescimento material dos últimos 50 anos, o índice de felicidade não aumentou nos EUA.

O rei do Butão, Wanchuk, lançou, ao adotar o novo índice, o que chama de quatro pilares da Felicidade Nacional Bruta: boa governança e democracia desenvolvimento econômico estável e equilibrado, proteção ambiental e preservação da cultura.

Aqui no Brasil, norte-americana, Susan Andrews, trabalha com o tema da felicidade como indicador e fez algumas intervenções durante a Rio+20.

A dificuldade do pronunciamento de Dilma Rousseff é o momento político em que foi feito. Muitos jornais e observadores estrangeiros mencionam a modéstia do crescimento do PIB brasileiro, o menor dos BRICs, o bloco formado pelos países emergentes.

Outros afirmam que o Brasil crescerá menos que os 2% projetados para os Estados Unidos em crise.

A principal critica à Dilma será a de proclamar o orgulho pelo crescimento do PIB, em certos momentos de elevação do indicador, e subestimá-lo quando está em queda relativa.

Fica parecendo a fábula da Raposa e as Uvas. Mas apesar disso tudo, a presidente tocou num novo tema que procura responder de maneira não só material a importante pergunta: como estamos?

Falas presidenciais tendem a estimular debates. O da felicidade pode ser um deles. O outro é: até que ponto o crescimento material é importante para os outros fatores de bem estar?

Esta última questão a gente se coloca, às vezes, na vida particular. Agora, ela ganha a dimensão de um tema político.

FONTE: JORNAL METRO RIO

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