sábado, 21 de julho de 2012

Governo reduz projeção de alta do PIB de 4,5% para 3%

A terceira avaliação bimestral do Orçamento, divulgada ontem, ainda é mais otimista que o mercado financeiro e o FMI

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. A equipe econômica reduziu ontem a previsão oficial de crescimento da economia em 2012, de 4,5% para 3% do Produto Interno Bruto (PIB). A nova previsão - incluída na terceira avaliação bimestral da execução do Orçamento - ainda está um pouco acima das projeções do mercado e do próprio Banco Central, cujos relatórios apontam um crescimento em torno de 2% este ano. Na mensagem enviada ao Congresso, como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal, os ministérios do Planejamento e da Fazenda admitem que o Brasil foi atingido pela crise internacional. O PIB nominal foi reestimado de R$ 4,53 trilhões para R$ 4,48 trilhões, uma redução de 1,2%.

"O Brasil está preparado e em melhor situação relativa aos países centrais e mesmo ao próprio evento da crise em 2008 e 2009. No entanto, nossa economia também foi afetada negativamente por essa deterioração no cenário internacional. Dessa forma, e considerando os resultados ocorridos no primeiro semestre deste ano, revisamos nossas expectativas de crescimento em 2012", diz o relatório.

O governo argumenta que o "crescimento está ocorrendo de maneira gradual" e que as medidas adotadas para impulsionar principalmente o setor industrial "ainda não afetaram plenamente a atividade econômica". Em seguida, os técnicos apostam na retomada do crescimento ainda no segundo semestre de 2012. "Espera-se que a economia brasileira apresentará aceleração de crescimento no segundo semestre de 2012, em função das medidas adotadas pelo governo, como a redução nas taxas básicas de juros, a elevação da oferta de crédito pelos bancos públicos e a implementação das medidas de competitividade anunciadas no âmbito do Plano Brasil Maior".

Devido à redução da atividade econômica no país, a chamada receita administrada (arrecadação de impostos e contribuições pela Receita Federal) teve uma queda de R$ 13,3 bilhões, passando de R$ 690 bilhões para cerca de R$ 676,7 bilhões, numa variação negativa de 1,9% em relação à segunda avaliação bimestral, de maio. Segundo o governo, a redução ocorreu devido ao comportamento do Imposto de Renda e da Cide, por exemplo. Apesar desta brusca redução, a receita líquida (já descontados os repasses a estados e municípios) teve uma pequena elevação de R$ 912,2 milhões. Isso seria resultado de um aumento de R$ 3 bilhões na arrecadação da Previdência e ainda de R$ 6,2 bilhões nas chamadas receitas não-administradas. O repasse para estados e municípios caiu R$ 4,9 bilhões.

A equipe econômica ainda fez a revisão de outros parâmetros macroeconômicos. A meta oficial da inflação, medida pelo IPCA, foi mantida em 4,7% ao ano, mas o IGP-DI teve uma alta de 26,3%, passando de 4,9% ao ano para 6,19% ao ano.

Por conta da política de queda de juros, o governo também atualizou as projeções da taxa básica de juros média (Selic) para dezembro, que caiu de 9,86% para 8,86% ao ano, redução de 10,1%.

O limite de empenho (contratação de obras e serviços) para o ano não foi alterado. Em fevereiro, o governo promoveu o contingenciamento de R$ 55 bilhões, sendo R$ 35 bilhões nas chamadas despesas discricionárias (que podem ser reduzidas). Em março, havia ampliado um pouco mais o corte, subindo para R$ 35,4 bilhões o congelamento das despesas discricionárias, mas liberou R$ 1,32 bilhão em maio.

FONTE: O GLOBO

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