terça-feira, 17 de julho de 2012

Mestre e aprendiz:: Eliane Cantanhêde

Tanto a cúpula nacional do PMDB quanto a do PSD correram afoitamente para quebrar um galho para Dilma: encorpar a candidatura do petista Patrus Ananias em Belo Horizonte. Mas a forma e os resultados foram muito diferentes. Enquanto o vice-presidente Michel Temer foi cirúrgico, o prefeito Gilberto Kassab foi barbeiro.

Temer recebeu a incumbência numa segunda-feira, e em 24 horas o serviço estava feito, sem dor, sem sangue, sem barulho: o PMDB retirou a candidatura própria, entregou a cabeça do ex-candidato de bandeja para Dilma e, unido, apoiou Patrus.

Já Kassab, além de ter ido dormir apoiando o petista Fernando Haddad e ter acordado aliado ao tucano José Serra em São Paulo, desarticulou o PSD de Minas ao lhe impor o candidato do PT em Belo Horizonte.

Em entrevista à Folha, no domingo, Temer falou como vitorioso. Enalteceu o apoio do PMDB ao PT em BH, desdenhou dos arroubos nacionais do governador Eduardo Campos (PSB) e contou, à sua maneira, que saiu do imbróglio com um troféu: se Dilma resistia ao nome de Henrique Eduardo Alves para a presidência da Câmara, não resiste mais. Em troca do apoio ao PT em BH, o PMDB vai levar Câmara e Senado em 2013. "Desprendimento" custa caro.

Também em entrevista à Folha, ontem, a senadora e líder ruralista Kátia Abreu (PSD) reclamou do "centralismo e autoritarismo" de Kassab, criticou o personalismo dele em São Paulo e em Belo Horizonte e lamentou a saída de Roberto Brant do partido. Ela está brava e ameaça claramente sair do novo partido.

A diferença: o PMDB é um partido com história, enraizado em todo o país e comandado por uma profusão de líderes, e Temer é hoje sua maior estrela, enquanto o PSD e Kassab estão apenas engatinhando.

PS - O líder na Câmara, Arlindo Chinaglia, pode ser o último dos moicanos do PT-SP no mapa político de Dilma e seu governo. Está para cair.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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