segunda-feira, 9 de julho de 2012

No rastro dos governadores

Partidos que aumentaram o controle sobre os estados em 2010, PT, PSB e PSDB projetam capitalizar os dois anos de gestão em votos e aumentar o número de prefeituras. Alvo preferencial é o PMDB

Gabriel Mascarenhas

O poderio dos partidos nos estados sinaliza o potencial deles nas eleições municipais deste ano. Siglas que conseguiram aumentar o número de governadores de 2002 para 2006 ampliaram também a quantidade de prefeitos dois anos depois, na corrida eleitoral de 2008. Se a tendência se concretizar em 2012, PSB e PSDB largam na frente para aumentar a capilaridade nos 5.565 municípios da federação, podendo incomodar a hegemonia do PMDB, maior detentor de prefeituras do país, e fertilizando o terreno para as disputas parlamentares de 2014. O PT conta com a alta popularidade da presidente Dilma Rousseff e as poderosas turbinas da máquina federal — tem também o maior número de candidatos.

A lógica sugerida pelos números aponta um panorama preocupante para o PMDB. O maior partido brasileiro elegeu cinco governadores em 2010, dois a menos do que em 2006. A relação entre quantidade de executivos estaduais e municipais, porém, não é variável única na equação das urnas. E outros fatores determinantes para o sucesso eleitoral pesam a favor da legenda, como a larga presença nos ministérios do governo Dilma. Presidente do PMDB, o senador Valdir Raupp (RO) não esconde: vai jogar pelo empate. Manter o comando das 1.207 cidades que já governa é bom resultado. "Obviamente, o partido do governador, normalmente, elege mais prefeitos. E o fato de termos perdido em alguns estados nas últimas eleições influencia nas nossas pretensões. Além disso, este ano, há mais partidos. É provável que haja uma redistribuição de poder", analisou Raupp.

O surgimento de novas siglas, como o PSD, alavancado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, acrescenta o componente de imprevisibilidade à disputa eleitoral. Ainda assim, no caso do PSB, que viu seu quadro de governadores dobrar em quatro anos, não há como não apoiar-se na força estadual para planejar resultados significativos. A meta vai além do recorte quantitativo, até porque o peso de determinadas cidades, como as capitais, é mais relevante do que a vitória em municípios de menor expressão. A legenda presidida pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, com forte presença no Nordeste, região de cinco dos seis estados comandados pela sigla, mira a "nacionalização". "Nossas prioridades são: eleger prefeituras no Sudeste, conquistar o maior número de capitais e de cidades com mais de 100 mil habitantes", pontuou o vice-presidente do partido, Roberto Amaral.

DEM sob risco

O DEM vive processo de esvaziamento desde o surgimento do PSD, para onde migrou boa parte de seus principais quadros. Em 2002, detinha o poder de quatro estados. Perdeu três em 2006 e, quatro anos depois, elegeu dois, mas ficou com apenas um. O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, venceu a eleição pelo partido, mas aceitou o convite de Kassab para engrossar a barca rumo ao PSD. "Sabemos que vamos perder prefeituras em alguns estados, caso de Santa Catarina e Bahia. Para quem teve um ataque como o que sofremos do PSD, qualquer crescimento será uma vitória. Nossa meta é essa. Não será uma expansão explosiva, mas temos a meta de crescer, conquistando prefeituras simbólicas, importantes. As capitais Salvador, Recife, Macapá e Aracaju são alguns exemplos", citou o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN).

O senador tucano Aloysio Nunes Ferreia (SP), um dos articuladores da campanha de José Serra em São Paulo, capital em que a vitória vale por algumas dezenas de municípios, discorda da relação entre o aumento da quantidade de governadores e ampliação do número de prefeituras. Lembra que o mais importante de conquistar Executivos municipais é viabilizar o aumento da bancada no Congresso. "Esse processo, sim, é verdadeiro. Quanto maior o total de prefeitos, mais sucesso um partido terá na eleição de parlamentares", argumentou.

A relação entre os resultados nas duas esferas de poder é a prova empírica do uso das máquinas, segundo o professor e cientista político do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Carlos Mello. "Como se elege um prefeito? Levando benefícios para o município. Só se faz isso quando se tem máquina. Mas situações de PSDB e PSB são distintas. O PSB compõe a base aliada do governo e deve se expandir, vencendo em novos estados, enquanto PSDB deve manter parte dos seus. Vai vencer em estados onde já tem o governador", previu Carlos Mello.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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