terça-feira, 24 de julho de 2012

Professores e governo sem acordo sobre fim da greve

Docentes criticam critérios de produtividade na progressão

Isabel Braga

BRASÍLIA. O impasse nas negociações entre o governo e as entidades que representam os professores de universidades públicas se mantém, com mais uma rodada encerrada ontem sem acordo. A greve nas universidades federais, que já dura mais de dois meses, permanece. O governo repetiu que vai avaliar as reivindicações apresentadas pelos sindicalistas, mas avisa que não há margem para ampliar o impacto do aumento já proposto na semana passada, que, nos próximos três anos, será de R$ 3,9 bilhões, com reajustes de até 45%. Apesar da ameaça de corte do ponto feita pelo governo, a assessoria do Planejamento informa que essa medida depende de cada instituição, dentro da autonomia universitária.

O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, reconheceu que as duas partes ainda estão longe de um acordo e marcou novas rodadas de negociação para hoje e amanhã. De acordo com contas do governo, a reivindicação proposta pelos representantes dos professores implicaria um impacto de R$ 10 bilhões nas contas públicas.

A presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira, afirma que a proposta feita pelo governo dia 13 representará perdas salariais para a categoria e, por isso, foi rejeitada. Indagada sobre a continuidade da greve e o prejuízo para os estudantes universitários, a presidente do Andes culpou os órgãos federais:

- O governo tem que responder (pela manutenção do movimento grevista). A categoria está insatisfeita com a proposta apresentada. Se os professores continuam em greve, a responsabilidade é dele (do governo). Nossa greve não é ilegal. Quem não avança é o governo.

Segundo Marinalva, há grande divergência de concepção entre a categoria e o governo, especialmente porque o que está em debate pela categoria é a reestruturação da carreira. E, segundo diz, a proposta do governo prejudicou a progressão na carreira. A sindicalista criticou, entre outras, a exigência de critérios de produtividade para isso.

O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Amaro Lins, que participou da reunião, discorda do Andes:

- Não acredito que dentro da comunidade acadêmica você possa colocar que uma carreira não tenha que se basear em qualificação, produção acadêmica, em dedicação à instituição. Acho que ninguém pode concordar com isso.

FONTE: O GLOBO

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