sábado, 7 de julho de 2012

Protestos e promessas

No primeiro dia de campanha, Paes enfrenta manifestantes ao lado da presidente Dilma

Cássio Bruno, Juliana Castro e Sérgio Ramalho

O primeiro dia de campanha eleitoral nas ruas do Rio teve protestos, inaugurações e promessas, muitas promessas. Ao lado do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição, a presidente Dilma Rousseff enfrentou protestos de estudantes de universidades federais e servidores em greve. Em Triagem, Zona Norte, Dilma participou da entrega de 460 apartamentos financiados pelo Minha Casa Minha Vida e que fazem parte do Bairro Carioca, um dos programas da prefeitura. O evento acabou em tumulto e provocou constrangimentos a Paes e convidados, como o governador Sérgio Cabral, quatro ministros e quatro deputados federais.

No momento em que Dilma iniciava seu discurso, aproximadamente 20 alunos de universidades federais levantaram cartazes e gritaram palavras de ordem e de reivindicações. Entre elas, o repasse de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país para a Educação - anteontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o país quebraria se isso fosse implementado.

Seguranças do evento rasgaram os cartazes dos manifestantes - alguns da União da Juventude Socialista (UJS) -, o que deu início à confusão. Houve empurra-empurra. Um dos seguranças arrancou o celular das mãos da repórter do GLOBO e o jogou no chão, além de impedir a saída de jornalistas da área reservada à imprensa.

Dilma interrompeu o discurso duas vezes. Para tentar conter o protesto, Eduardo Paes se levantou da cadeira e puxou o coro: "Olê, olê, olá, Dilma, Dilma". A plateia era formada, em sua maioria, por pessoas que vão receber os imóveis e integrantes de programas sociais da prefeitura.

Paes não discursou. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) autorizou a presença do prefeito no evento, mas alertou que ele não poderia pedir votos. Pelo menos dois fiscais do TRE-RJ acompanharam a cerimônia. O tribunal informou que não encontrou irregularidades no evento.

No palanque, Dilma teceu elogios a Paes e exaltou a parceria entre os governos estadual, federal e municipal. Essa é uma das estratégias da campanha do prefeito à reeleição.

- Muitas vezes, eu já cheguei aqui e vi como a situação era difícil. Mas, depois do governo do Sérgio Cabral e, agora, com o Eduardo Paes, quando foi eleito prefeito, fico muito feliz de vir aqui - afirmou a presidente. - A palavra-chave aqui é parceria. É a união de esforços.

À tarde, Eduardo Paes comentou o protesto contra Dilma:

- Isso é normal. Democracia é assim. Já fizeram protesto contra mim mais de 500 vezes. O pessoal tem o direito de protestar - disse o prefeito, depois de ter lançado a pedra fundamental das obras do futuro Parque Olímpico do Rio, principal complexo desportivo dos Jogos Olímpicos de 2016, no Autódromo.

Dilma também enfrentou protestos ao chegar ao Hospital Miguel Couto, no Leblon, onde inaugurou, com Paes, a Coordenação de Emergência Regional (CER) Nova Monteiro, anexa ao hospital. Para tentar driblar o grupo que protestava à frente da unidade de saúde, Dilma, Cabral e Paes entraram no hospital por um portão lateral, aberto apenas para dar passagem aos veículos da comitiva presidencial. A presidente minimizou os protestos:

- Vivemos numa democracia, o que vocês querem.

Dilma, Cabral, Paes, assessores e políticos, entre eles o ministro da Pesca, Marcelo Crivella, ficaram presos num dos novos elevadores, que não subiu em decorrência do excesso de peso. Crivella e outras duas pessoas desceram, mas o elevador continuou parado. Assim que a porta abriu novamente, todos desceram e o tour continuou pelas escadas.

O candidato do PSOL, Marcelo Freixo, estreou na campanha ao lado do deputado Chico Alencar e do senador Randolfe Rodrigues. Freixo solicitou à PM, ao TRE e à Secretaria de Segurança Pública garantias de que poderá fazer campanha em segurança em áreas ainda dominadas por milícias. Freixo ganhou notoriedade ao presidir a CPI das Milícias na Alerj, que indiciou 225 suspeitos de integrar grupos paramilitares na cidade.

- Não adianta pedir Exército somente para as eleições. A campanha precisa ser garantida em todo o processo. O crescimento da milícia ainda é uma ameaça - disse, ressaltando que não vai recuar de fazer campanha nas áreas dominadas por milícias.

O candidato do DEM, deputado federal Rodrigo Maia, foi a Campo Grande, Zona Oeste, ao lado de sua vice, Clarissa Garotinho (PR), mas sem seus dois principais cabos eleitorais: o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) e o ex-governador Anthony Garotinho (PR). Cerca de cem pessoas, principalmente candidatos a vereador, acompanhou a dupla. Maia, na primeira campanha majoritária, admitiu a timidez, enquanto Clarissa Garotinho se mostrou à vontade e conduziu conversas com os eleitores.

- Temos orgulho da história política de nossos pais, mas não somos eles. Estamos aqui para javascript:void(0)mostrar as ideias para o Rio - disse Maia.

O candidato do PSDB, Otávio Leite, levou 70 pessoas a um abraço simbólico ao elevado da Perimetral, cuja demolição está prevista pela prefeitura no projeto de revitalização do porto. A candidata do PV, Aspásia Camargo (PV), fez corpo a corpo no Centro do Rio. E defendeu uma de suas bandeiras de campanha: a FIB, sigla para "felicidade interna bruta", defesa de um projeto de desenvolvimento sustentável para a cidade do Rio.

Colaboraram Luiz Ernesto Magalhães, Luiz Gustavo Schmitt, Waleska Borges e Renato Onofre

FONTE: O GLOBO

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