quarta-feira, 25 de julho de 2012

Relator da CPI do Cachoeira testemunhou por Delúbio

Estudo de deputado do PT faz parte da defesa de réu no processo do mensalão

Odair Cunha, acusado de usar comissão para encobrir julgamento no STF, afirma que não houve compra de votos

Rubens Valente

BRASÍLIA - O relator da CPI do Cachoeira, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG), é uma das principais testemunhas de defesa do ex-tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, no processo do mensalão.

O julgamento começa no STF (Supremo Tribunal Federal) no próximo dia 2.

Na CPI, Cunha tem priorizado investigações sobre as relações do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com Carlinhos Cachoeira.

A oposição criticou os petistas da comissão sob o argumento de usarem a apuração parlamentar para mascarar o julgamento no STF.

O depoimento de Cunha foi tomado em outubro de 2009 pela Justiça Federal de Brasília, por ordem do STF, mas só foi inserido nos autos do mensalão em fevereiro de 2011. Na lista de 28 testemunhas entregue por Delúbio, Cunha é o primeiro nome.

O hoje relator da CPI tornou-se testemunha devido a um estudo feito pela liderança do PT na Câmara e apresentado por ele em 2005, em meio ao escândalo.

Cunha era então membro de outra CPI, a do Mensalão, criada para tentar abafar a CPI dos Correios, que apurava os mesmos fatos, mas com maior independência em relação ao governo federal.

O objetivo do estudo era negar relação entre os pagamentos feitos aos partidos aliados no esquema e as votações de projetos de interesse do governo no Congresso.

Odair Cunha afirmou também não ter conhecimento de nenhum fato "que desabone a conduta" de Delúbio.

O estudo do deputado é uma das principais peças de defesa do ex-tesoureiro e diverge dos indícios apresentados pela Procuradoria-Geral da República no processo.

O órgão, que faz a acusação dos réus do mensalão, apontou uma relação entre os pagamentos do esquema e o resultado de votações importantes no Congresso.

O relatório da CPI dos Correios apontou, dentre outros indícios, que, "foram movimentados R$ 2 milhões por essas pessoas [acusados de envolvimento no mensalão] nos dez dias que antecederam e sucederam a votação da reforma tributária".

Cunha reiterou nesta semana à Folha as conclusões do estudo de 2005. Ele disse que "não se pode presumir que houve compra [de votos] a partir da leitura de uma votação". "É preciso fazer uma leitura do comportamento padrão ao longo de determinado tempo."

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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